Ensino a distância vai superar alunos dentro de sala de aula

Publicado por Sinepe/PR em

A opção de trocar a tradicional sala de aula por estudo em plataformas digitais em casa ou em outros locais tem atraído cada vez mais pessoas que querem fazer um curso superior. Uma pesquisa aponta que, em 2023, o ensino a distância (EAD) irá superar a modalidade presencial.

Um estudo realizado pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), em parceria com a empresa de pesquisas educacionais Educa Insights, mostrou que a modalidade cresceu nos últimos anos.

A pesquisa ouviu 1.012 homens e mulheres de 18 a 50 anos, com interesse em cursar uma graduação no próximo ano ou já matriculados na educação superior na modalidade EAD ou presencial.

De acordo com o Censo da Educação Superior, a diferença entre o número de matrículas em cursos presenciais e EAD tem caído a cada ano, passando, respectivamente, de 80% contra 20%, em 2010, para 67% contra 33% em 2016.

Essa aceitação da modalidade on-line também foi constatada pela pesquisa. Quando perguntado aos entrevistados qual a modalidade de graduação preferida, embora o modelo presencial ainda seja o mais aceito, com 56% da preferência, 44% não fazem questão exclusivamente do modelo presencial.

O diretor executivo da ABMES, Sólon Caldas, explicou que vários fatores contribuem para o crescimento da EAD.

“Entre os pontos que favorecem esse crescimento estão a possibilidade de conciliar estudos e trabalho, o preço mais acessível das mensalidades e a facilidade que o jovem tem no uso da tecnologia. Com isso, em um contexto de crise econômica, a modalidade a distância, de fato, torna-se mais atrativa”, salientou.

Sólon Caldas ainda ressaltou que a modernização do processo educacional consiste em algo irreversível. “Ele é decisivo na formação dos profissionais que serão disponibilizados para o mercado de trabalho. Além disso, não há qualquer distinção entre os diplomas de cursos presenciais e a distância.”

Especialistas explicam vantagens e desvantagens
Para quem está pensando em aderir a essa modalidade de ensino, é importante saber que, assim como nos cursos presenciais, há vantagens e desvantagens, segundo apontam especialistas.

Para Flávio dos Anjos, especialista em EAD, os cursos a distância representam uma tendência que ultrapassa fronteiras.

“A tendência é tão forte e impacta mundialmente pela necessidade de tempo que as pessoas estão tendo. Muitas encaram até jornadas triplas, além da questão da mobilidade urbana, e encontram na tecnologia a ferramenta que precisam para investir na aprendizagem.”

Nas ênfases dadas sobre as vantagens, Flávio elencou a agilidade e a flexibilidade que a plataforma oferece, já que o conhecimento pode ser adquirido em qualquer lugar.

Ao falar da desvantagem, ele observou que cursos presenciais permitem maior interação com outras pessoas e a troca de experiência.

O CEO da consultoria Heach Brasil, EUA e América Latina, Elcio Paulo Teixeira, trouxe um diagnóstico do mercado de trabalho e disse que esses profissionais têm sido absorvidos.

“Essa modalidade tem ajudado muita gente que antes não tinha acesso à educação formal, seja por uma questão de dinheiro, porque o ensino a distância acaba sendo mais barato, ou de tempo.”

Levantamento
O estudo “Um ano do Decreto EAD – O impacto da educação a distância na expansão do ensino superior brasileiro” foi realizado pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), em parceria com a empresa de pesquisas educacionais Educa Insights.

Além de ouvir 1.012 pessoas de 18 a 50 anos de idade, a pesquisa também levou em consideração o Censo da Educação Superior, realizado anualmente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

Mais de 280 cursos em 10 instituições
Na hora de escolher o local para fazer um curso a distância, o endereço pode não influenciar tanto, mas para quem não abre mão de cursar uma instituição de ensino que tenha sede ou polos no Estado, encontrará muitas opções.

Um levantamento feito pela reportagem revela que pelo menos 10 instituições oferecem mais de 280 cursos superiores na modalidade 100% a distância, semipresenciais, além de modelos batizados de flex ou híbridos (parte a distância e parte presencial).

Mas na hora de bater o martelo, os alunos devem buscar sempre instituições qualificadas e devidamente certificadas, para que não tenham surpresas desagradáveis após o investimento. Informações podem ser obtidas junto ao Ministério da Educação (MEC), no site www.mec.gov.br.

O Grupo Multivix, por exemplo, tem 16 cursos de graduação a distância. Há previsões de novos cursos até o final deste ano. Para o diretor executivo do Grupo, Tadeu Penina, o ensino a distância é uma tendência que veio para ficar, já que é perceptível que a rotina e o cotidiano da maioria das pessoas estão cada vez mais dinâmicos. “Para isso, quem quer se especializar busca um ensino flexível em termos de horário e com um valor mais acessível. Além de poder obter, ao final do curso, o mesmo diploma que o presencial.”

A Faesa Centro Universitário também oferece essa modalidade. Entre os cursos mais em alta, segundo a instituição, estão os das áreas de tecnologia e gestão, além daqueles tradicionais, como Administração e Ciências Contábeis, que são áreas que sempre absorvem profissionais qualificados.

O gestor do EAD da Faesa, James Theodoro, destacou que a educação a distância é uma tendência global e uma potência para facilitar o acesso de milhares de pessoas ao ensino superior.

Na UVV, são oferecidos 18 cursos nas modalidades a distância e híbrida entre os campi Boa Vista (Vila Velha), Vitória, Linhares, Aracruz, São Mateus, Serra e Conceição da Barra.

“Isso é muito importante para o nosso Estado e também para o País, pois vai propiciar a capacitação de uma maior parcela da população com ensino superior. Hoje a gente tem uma defasagem muito grande de pessoas que tem apenas o ensino médio”, finalizou o coordenador dos cursos de EAD da Universidade Vila Velha, Cristiano Biancardi.

Opção por horário flexível para estudar
Optando por uma rotina de estudos com maior flexibilidade, a estudante Caroline Pedrini, de 26 anos, encontrou no ensino a distância a chance de fazer o curso superior em Biomedicina, na Estácio.

“Tive filhos, então preferi esperar que eles tivessem uma idade em que fosse possível conciliar a atenção à família e aos estudos.”

Ela revelou que, ao pesquisar mais sobre o ensino a distância, encontrou a opção flex. “Tenho aulas práticas na faculdade e material on-line, com vídeos e textos. Também posso tirar dúvidas com os professores, assim como em cursos presenciais.”

Caroline ressaltou que a experiência tem sido positiva, mas também requer um compromisso maior. “É preciso ter organização.”

Fonte: ABMES – Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior
Data: 09/04/2019