Professores atribuem problemas de aprendizagem aos pais
Em mais de 60% das escolas de educação básica faltam livros didáticos para os alunos. Em sete estados, esse indicador ultrapassa a marca de 70%, conforme declarações registradas pelos diretores escolares no questionário do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) de 2017.
No mesmo documento, os dirigentes também apontaram os fatores que mais prejudicam o funcionamento da escola. A insuficiência de recursos financeiros (como afirmam 67,2% deles), a indisciplina por parte dos alunos (61,5%) e a falta de recursos pedagógicos (59,6%) foram os três mais citados, como revelam os dados tabulados pelo Iede (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional).
Curiosamente, nenhum desses aspectos foi mencionado pelos professores quando questionados sobre os problemas de aprendizagem dos alunos – nem o mau comportamento das crianças e jovens nem a falta de materiais pedagógicos.
Em uma lista de 11 fatores, a indisciplina aparece apenas em 6.º lugar, enquanto a carência de infraestrutura, em 8.º. Para grande parte dos educadores, os problemas de aprendizagem são de outra natureza: eles estão relacionados aos pais. Mais de 93% dos docentes dizem que a falta de assistência e acompanhamento dos responsáveis pela criança constituem a principal causa do baixo desempenho escolar. Mais de 80% também acreditam que o nível cultural dos pais dos alunos é um aspecto de grande influência.
Somente nas últimas posições aparecem fatores como a carência de supervisão pedagógica, a inadequação do currículo às necessidades dos alunos e o não cumprimento dos conteúdos curriculares. Sobre este último item, vale dizer que, segundo os diretores, 51,8% dos professores do 5.º ano não cumpriram o conteúdo previsto para o ano letivo. Entre os docentes do 9.º ano, esse índice foi de 60,9%, e no ensino médio, de 59,6%.