Lição de casa estimula curiosidade e ajuda a criar hábito de estudo
A lição de casa é uma criação recente na história da pedagogia. Há quem a localize nos anos 1930, nas escolas rurais dos Estados Unidos, mas parece haver indícios históricos de que, bem antes, os alunos de escolas jesuíticas já tinham a tarefa de, durante uma hora e após as aulas, ler e recitar tudo o que havia sido estudado no dia, para levar as dúvidas ao professor na aula seguinte. O fato é que a lição de casa, durante muito tempo, foi composta de exigências geralmente quilométricas, complexas e trabalhosas, pois servia, em parte, para ocupar o tempo dos pequenos estudantes enquanto estavam fora da escola. A justificativa era a prática mecânica da repetição do que foi aprendido em sala, para fixação e memorização e, é claro, manter as crianças longe de distrações, o que significa, no fim das contas, que não eram tratadas como crianças.
Desse tempo para cá, o conceito da lição de casa mudou muito. Na Terra Firme, ela se insere em uma proposta pedagógica que pretende não ocupar tempo, mas incentivar a criação de um hábito de estudo e propor uma reflexão sobre o que foi tratado nas aulas, além de, muitas vezes, servir como orientação de pesquisa sobre um tema que será tratado mais tarde em sala.
A ideia é envolver alunos e alunas, aproveitando a curiosidade tão presente na infância e adolescência, e sugerir formas de direcionar e organizar interesses, isto é, propor a criação de um plano de estudo que não tem como foco central a fixação ou a memorização, mas o prazer em conhecer coisas novas e ordená-las dentro dos conhecimentos já existentes.
Não se trata da imposição de um ato mecânico, mas de uma proposta de ação humana sobre o mundo, visando o desenvolvimento da satisfação em pesquisar, aprender errando e acertando, sempre que possível com o uso criativo dos recursos e do tempo. A formação do hábito de estudar é um dos fatores mais importantes quando se trata desse assunto.
Thamy Padilha, coordenadora do Fundamental I e II a partir do 3.º ano, entende que incentivar a criança a ter um momento de parada nas brincadeiras para realizar tarefas relacionadas ao estudo pode ajudar na criação desse hábito e ser um fator de organização. “Durante um pequeno período no dia, a criança se concentra nessa tarefa, que deve ser atrativa. Nela, são abordados conteúdos trabalhados na aula ou pode servir para um start para as próximas aulas, por isso, é muito importante que o que foi estudado ou pesquisado na lição de casa seja retomado em sala”, explica.
Camila Gutti Lupi, coordenadora da Educação Infantil e 1.º e 2.º anos do Fundamental I, faz coro com Thamy no que diz respeito ao fator organizativo presente na proposta da lição de casa, assim como também avalia que a tarefa deve ser atrativa. “É preciso mexer com a curiosidade natural da criança, estimular, e deixar a criança errar, sem estresse, pois é desse modo que se aprende de forma mais gostosa”, diz.
Ela explica que as tarefas de casa começam no Grupo II e que estão sendo feitas pontes entre a vida na escola e em casa, com a observação das normas geométricas dos objetos e das construções e a introdução de tabelas e gráficos organizativos para orientação no tempo.
Fonte: Comunicação Escola Terra Firme
Data: 28/08/2019