Escola só deve ficar fechada quando não houver outra alternativa, dizem OMS, Unicef e Unesco
Os governos devem priorizar a continuidade da educação e o fechamento de escolas só deve ser considerado quando não houver outras alternativas. Essas orientações são do guia atualizado com protocolos sanitários e medidas de segurança contra a disseminação do novo coronavírus na volta às aulas – publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura (Unesco) na segunda-feira, 14.
De acordo com o documento, o objetivo é ajudar governos e educadores a tomarem decisões sobre o funcionamento das escolas com a maior segurança possível durante a pandemia. A prioridade é “a continuidade da educação das crianças para o bem-estar geral, saúde e segurança”, ressalta o texto.
O guia considera ainda que a retomada do ensino deve ser realizada com um plano detalhado de protocolos, que inclui principalmente: distanciamento social, limitação do número de pessoas – com modificações de horários e revezamentos de turmas -, uso de máscaras, medidas de higiene, plano de ventilação adequada e cuidados com alunos, professores e funcionários que possam estar doentes.
Em coletiva de imprensa nesta terça-feira, 15, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebre-yesus, disse que “a decisão de fechar as escolas deve ser o último recurso, temporário, e apenas em nível local, em áreas de transmissão intensa”. Segundo ele, as medidas adotadas pelas comunidades para reduzir o risco da covid-19 também terão influência nas escolas.
Ghebreyesus reforçou que a continuidade da educação “deve ser garantida por meio do ensino à distância” durante esse período em que as instituições estão fechadas. Nesse tempo, ele recomendou que sejam implementadas medidas de prevenção e para responder à transmissão quando os locais forem reabertos.
“Manter as crianças seguras e na escola não é uma tarefa apenas das escolas, ou dos governos ou das famílias. É um trabalho para todos nós, para trabalharmos juntos. Como costumamos dizer, não existe risco zero. Mas, com a combinação certa de medidas, podemos manter nossos filhos seguros e ensiná-los que saúde e educação são duas das mercadorias mais preciosas da vida”, afirmou o diretor.
As entidades que elaboraram o documento explicam que, do ponto de vista da saúde pública, a decisão de fechar ou reabrir escolas deve ser orientada por uma abordagem baseada no risco de contágio, levando em consideração a transmissão da covid-19 em nível local; a capacidade das instituições de ensino de adaptar seu sistema para operar com segurança ; o impacto do fechamento de escolas na perda da educação, equidade, saúde geral e bem-estar das crianças; e a gama de outras medidas de saúde pública implementadas fora da escola.
“As decisões sobre o fechamento total ou parcial ou reabertura devem ser tomadas com base no nível local de transmissão de SARS-CoV-2 e na avaliação de risco, bem como em quanto a reabertura de ambientes educacionais pode aumentar a disseminação na comunidade. O fechamento de instalações educacionais só deve ser considerado quando não houver outras alternativas”, diz o documento.
Nesta terça-feira, Tedros Adhanom Ghebreyesus disse que é importante haver mais pesquisa sobre os fatores que aumentam o risco de casos graves e mortes entre crianças e jovens. O diretor-geral lembrou que as crianças têm sofrido de outras formas, como na alimentação, a perda do aprendizado e riscos como maior exposição ao trabalho infantil e à violência doméstica. Já a diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, citou o risco de que 11 milhões de garotas não voltem à escola pelo mundo, no contexto atual.
A diretora-geral do Unicef, Henrietta Fore, mencionou as dificuldades pelo mundo para o ensino remoto e lembrou que muito tempo fora da escola pode resultar em “impacto grave” para as crianças. Ela mencionou uma projeção segundo a qual mais de 20 milhões de crianças pelo mundo devem abandonar a escola por causa da pandemia e seus impactos, sociais e econômicos.
No fim de agosto, a OMS já havia declarado que as escolas não são o motor principal de transmissão da covid-19. “Até agora sabemos que o ambiente escolar não é um fator preponderante na pandemia. Mas há cada vez mais publicações que reforçam as evidências de que as crianças têm um papel na contaminação, embora mais vinculada a encontros sociais”, disse o diretor regional para a Europa, Hans Kluge, durante coletiva de imprensa.
Na época, a organização frisou também que as instituições de ensino deveriam aplicar os mesmos protocolos gerais de higiene e distanciamento social, mas dependendo da fase da pandemia em que a comunidade estivesse inserida, “medidas adicionais” precisariam ser implementadas.
Por Portal Terra/ Colaborou Gabriel Bueno da Costa