Bullying: pais devem ensinar seus filhos a lidar com seus sentimentos

Publicado por Sinepe/PR em

Mesmo com o ensino remoto, crianças e adolescentes podem se sentir ofendidos com os colegas. Não é incomum adolescentes fazerem montagem de fotos nas redes sociais, “uma brincadeira”, que acaba magoando. Crianças pequenas não respeitam o espaço do amigo. Como os pais podem ajudar os filhos neste momento? Como lidar com os sentimentos?

Daniela Souza conta sua experiência com o filho neste período de pandemia:
Sou mãe de um garoto de 6 anos que está no primeiro ano do ensino fundamental, ano de alfabetização, que é extremamente desafiador e, ao mesmo tempo, uma fase que desperta um grande interesse das crianças. O que eu tenho percebido nas aulas online é que os alunos não têm a mesma compreensão do que o colega fala como tem no presencial. A atitude de um amiguinho pode chatear muito.

No momento de compartilhar um desenho ou atividade em que todos estão fazendo ao mesmo tempo, um colega apagou o que meu filho fez. Resultado: ele não quer participar mais desse tipo de atividade, se sentiu desrespeitado. Muitas crianças não querem ligar a câmera ou mesmo acompanhar a aula no dia por estarem chateadas. Neste momento, o atendimento remoto é muito mais complexo para os pequenos. Acredito que nesta idade, eles não queiram machucar, magoar ou fazer bullying. Mas cabe a família estar presente para conversar e orientar.

A coordenadora do Godllywood Girls e Godllywood School, Aline Munhoz, destaca que “primeira-mente, os pais devem preparar seus filhos, ensiná-los que é inevitável que exista esse tipo de comportamento por partes de pessoas na escola e no meio em que vivemos.”

“Não iremos agradar a todos a nossa volta e nem ter todos como amigos”, explica Aline. “As críticas, as ‘brincadeiras’ sempre existirão, só que muito ou, praticamente tudo, do que dizem a nosso respeito, não são verdadeiras.”

A psicóloga Patrícia Marques destaca o papel da família neste momento: “os pais devem estar presentes e atentos, mantendo sempre o diálogo com os filhos.”

Aline também reforça o papel da família na formação das crianças e adolescentes. “Quando existe uma boa estrutura familiar, que a criança se sente valorizada e apreciada, fica mais fácil”, avalia. “Mesmo não tendo a aceitação na escola, ela sabe que é aceita e amada por sua família e isso é o que realmente importa.”

Para Neia Dutra, psicóloga e coordenadora do Projeto Escola de Mães, assim como os adultos, as crianças quando sentem raiva ou estão iradas podem ser impulsionadas a agir com agressividade. “Ao conhecer suas emoções, eles saberão que é natural sentir medo, raiva ou ódio, mas que a saída não é a violência”, explica. “O diálogo, a tolerância e o respeito podem ser a solução para a situação atual e outros desafios que surgirão na vida adulta.”

Na prática, como a família pode ajudar?

“Tão importante quanto o sentimento dos filhos, são os sentimentos dos pais, pois os filhos estão atentos às atitudes dos pais, inclusive como eles expõem seus medos, tristeza, raiva”, explica Neia.

Ter consciência de como os pais reagem ou se comportam diante de determinada situação e traduzir em palavras o que se está sentido são maneiras de aprender a lidar com as emoções e sentimentos negativos.

“Não há como ensinar aos filhos a controlar as emoções e os sentimentos ruins, mas é possível ajudá-los a reconhecer e moderar seu comportamento que vem em seguida” observa Neia.

A psicóloga exemplifica: “posso sentir raiva, mas não preciso atacar física ou verbalmente quem me irritou.”

Dica
Para ilustrar e mostrar na prática como as crianças e os adolescentes podem lidar com os sentimentos ruins, Aline faz uma comparação com as estações de rádio. “Se tocar uma música que não é do nosso gosto ou interesse, imediatamente mudamos de estação, vale ensinar a criança mudar o foco, inicie uma atividade física, uma brincadeira, algo que vai acrescentar em seu vida”, conclui.

Por R7 Educação