Renda mensal do brasileiro com ensino superior teve aumento de 182%

Publicado por Sinepe/PR em

O Instituto Semesp, com apoio da Symplicity, realizou a segunda edição da Pesquisa de Empregabilidade do Brasil, que aponta a empregabilidade das carreiras por área, revelando a posição dos profissionais e a eficiência do diploma de graduação em termos de rentabilidade, sucesso e manutenção do emprego dos egressos de instituições públicas e privadas de todas as regiões do país.

A pesquisa contou com a participação gratuita e facultativa de 9.228 egressos e alunos da educação superior, de 13 de outubro a 16 novembro, por meio de questionários via e-mail, redes sociais e disponibilização na plataforma Symplicity.

Salto expressivo
O estudo foi dividido em duas frentes: egressos (5.264, de 592 instituições privadas e públicas e 179 cursos distintos de todas as áreas do conhecimento) e alunos com recortes de cursos presenciais e EAD, (3.964, de 254 instituições privadas e públicas e 151 cursos distintos de todas as áreas do conhecimento).

A relevância do diploma de graduação na rentabilidade dos profissionais chama a atenção: na comparação dos rendimentos dos egressos que trabalham atualmente e que possuíam renda antes de concluir o curso de graduação, houve uma melhora significativa no valor dessa renda mensal.

Quase metade (48,1%) dos egressos do ensino superior possui um rendimento mensal bruto na faixa de R$ 3 mil a R$ 10 mil. Enquanto 58,7% dos egressos de instituições públicas recebem mensalmente um rendimento de até R$ 5 mil mensais. Nas IES privadas, o percentual é um pouco maior, em torno de 75,4%.

Situação no mercado
De acordo com a pesquisa, a maioria dos egressos está trabalhando ou realizando estágio na sua área de formação: 61,4% dos egressos de IES privadas e 65,2% dos egressos de IES públicas. Apenas 17,4% do total de respondentes não estão trabalhando no momento. Destes, 16,2% estão apenas estudando (pós-graduação, outra graduação, etc.), mas a maioria deste percentual está desempregado há até um ano (39,0%) situação que foi elevada devido ao cenário de crise causado pela pandemia da covid-19.

Entre os alunos que estão matriculados em um curso presencial de ensino superior privado, a maioria trabalha ou realiza estágio (57,2%), seja na área do curso ou em outra área. Entre os das IES públicas, a maioria não trabalha (51,6%). Do total, independente da rede, 57,2% dos alunos do noturno possuem um emprego. Entre os alunos do EAD, a maioria trabalha, porém em uma área diferente de sua graduação.

Entre os egressos de instituições privadas, 37,0% já trabalhavam antes de ingressar no ensino superior. Esse percentual sobe para 57,7% ao considerar também aqueles que começaram a trabalhar ainda durante a graduação. Já 46,1% dos egressos de IES públicas entraram no mercado de trabalho somente após a conclusão da graduação.

Por curso
Os egressos com maior percentual de empregabilidade, por cursos, são de medicina (100%), engenharia de computação (97,4%), ciência da computação (93,2%), enfermagem (92,5%), fisioterapia (91,3%), biomedicina (90,4%), sistemas de informação (89,9%), geografia (88,3%), contabilidade (87,4%) e economia (87%).

Entre os egressos que ainda não conseguiram o primeiro emprego formal, 44,6% são recém-formados (conclusão do curso em 2019 ou 2020), que foram afetados diretamente pela crise causada pela pandemia de Covid-19.

Já os egressos desempregados há mais de um ano, por cursos, são de serviço social (14,8%) e turismo (10,5%), seguidos de gestão de negócios (9,5%), educação física (8,5%), comunicação social (7,5%), publicidade e propaganda (7,5%), engenharia química (7,4%), administração (7,3%), farmácia (7,0%) e gestão de pessoas (6,5%).

Agora, considerando apenas os desempregados durante a pandemia, os egressos mais impactados foram dos cursos de turismo (15,8%), comércio exterior (13,8%), comunicação social (11,9%), pedagogia (11,5%), engenharia química (11,1%), biblioteconomia (10,3%), design (10,0%), engenharia mecânica (9,6%), história (9,5%) e administração (9,3%).

Desigualdade
Em torno de 79% dos alunos de cursos presenciais apresentam uma renda bruta mensal de até R$ 3 mil. Menos de 5% responderem receber mais de R$ 5 mil mensais. Outro ponto importante é que 9,8% dos alunos da rede privada e 7,6% da pública realizam alguma atividade sem remuneração, seja estágio curricular obrigatório ou trabalho voluntário. A renda também é maior para os alunos do sexo masculino, independente da modalidade

Sobressai na pesquisa o número de egressos que teve o seu trabalho impactado de alguma forma pela pandemia da covid-19 (mais de 60%), seja pela transformação do formato de trabalho (do presencial para o home office), redução de salários e horário ou até mesmo impactos mais prejudiciais, como demissão.

Outros impactos negativos citados foram suspensão de contratos de trabalho, de processos seletivos, redução do faturamento, problemas emocionais, perda de colegas de trabalho para a covid-19 e fechamento de empresas. Também foram mencionados, de forma espontânea, alguns aspectos positivos como novas contratações, possibilidade de realização de cursos de aperfeiçoamento, criação de novas funções e promoções.

Há um grande interesse entre os egressos de ensino superior em trabalhar no formato híbrido (76,7%), seja considerando maior parte do tempo na empresa ou no home office. Quanto maior o salário do egresso, maior a preferência pelo home office. Os egressos de cursos noturnos também demonstram interesse pelo modelo remoto.

Relevância do diploma
Quase 80% dos egressos acreditam que o curso de ensino superior atendeu aos seus objetivos iniciais. Na vida pessoal, oito a cada dez egressos concordam que a conclusão do ensino superior ajudou. Essa percepção é ainda melhor entre os egressos de IES públicas e entre os participantes com mais idade.

Quanto à opinião sobre o alcance dos objetivos iniciais, 87,9% dos alunos de cursos presenciais em IES privadas concordam que o curso tem atingido a expectativa. Na rede pública, o percentual é um pouco mais baixo (77,1%). Esse percentual também é alto no EAD, 82,4%.

A maioria dos alunos concorda que o diploma de ensino superior vai aumentar a chance de se conseguir uma melhor vaga de emprego. Em cursos presenciais, a percepção é ainda maior entre os alunos da rede privada (93,3%); na rede pública, o percentual cai para 89,2%. Já nos cursos EAD particulares, o percentual chegou a 94,0% dos alunos.

Mais da metade dos egressos concorda que o curso de ensino superior foi de fundamental importância para a manutenção do emprego durante os períodos de crise. Essa percepção é um pouco melhor entre os egressos de instituições públicas (60,1%).

Metade dos alunos acredita que ter ingressado em um curso presencial de ensino superior, seja ele privado ou público, contribuiu para a manutenção do emprego durante a crise. No EAD, essa percepção foi sentida por 40,2% dos alunos de IES privadas.

Financiamento estudantil
Na rede pública, esse percentual foi menor (46,1%), apesar de muitos estudantes necessitarem de auxílios como moradia, alimentação, transporte, entre outros.

Entre os alunos em cursos presenciais, 45,7% pagam a mensalidade com a ajuda de bolsa ou financiamento, sejam eles privados (entidades financeiras, própria IES) ou públicos (Fies, ProUni e outros). O percentual de alunos que apontou a necessidade de auxílio financeiro é semelhante ao dos egressos. Para 56,5% dos alunos de IES privadas, não seria possível dar continuidade ao curso presencial de ensino superior se não tivessem bolsa ou financiamento para auxiliar no custeio das mensalidades. Na rede pública, esse percentual também foi parecido.

Já na modalidade EAD, 54,0% dos alunos da rede privada asseguram a necessidade de alguma ajuda de custo para pagar a mensalidade, embora a maioria (61,9%) não tenha nenhum tipo de bolsa ou financiamento para auxiliar no custeio da mensalidade do ensino superior.

Aulas remotas
O estudo também questionou os alunos de cursos presenciais sobre as suas vontades de continuar no modelo remoto, com base na experiência obtida durante a pandemia. Na rede privada, 51,8% preferem que as aulas sejam totalmente presenciais em 2021. Na rede pública, houve um empate entre as aulas serem ofertadas no formato híbrido ou totalmente presencial.

Apesar desse resultado, o Instituto Semesp afirma que é possível perceber uma tendência do interesse de que pelo menos algumas matérias sejam oferecidas de forma totalmente remota. Os alunos mais jovens (com até 24 anos) preferem o modelo presencial. Além disso, em cursos como fisioterapia, enfermagem e direito, a maioria ainda prefere continuar com as aulas totalmente presenciais. Já outros cursos como contabilidade e administração têm uma parte considerável de alunos com interesse em aulas remotas. Cerca de 42,9% dos estudantes de Medicina já demonstram preferência por aulas híbridas.

Para 68,2% e 64,9% dos alunos de cursos presenciais nas instituições privadas e públicas, respectivamente, concordam que possuem alguma dificuldade de adaptação ao modelo remoto e preferem aulas presenciais. No EAD, obviamente, esse percentual é de apenas 21,7%. Não houve amostra suficiente de participantes de cursos EAD na rede pública

Recursos para o desenvolvimento de carreira
A pesquisa teve como objetivo avaliar quais os recursos específicos para orientação e desenvolvimento de carreiras de alunos e egressos são disponibilizados por Instituições de Ensino. 41,2% e 39,7% dos egressos de Instituições Privadas e Públicas informaram que, o recurso mais disponibilizado pelas instituições são informações sobre o mercado de trabalho e áreas de atuação. Como destaque, atividades como orientação para processos seletivos, networking e atividades com mentores tiveram uma taxa de resposta menor do que 15% respectivamente, demonstrando o pouco acesso a estes recursos.

A avaliação dos alunos identificou que, 46.1% de alunos da rede privada em cursos presenciais, e 49,4% alunos da rede privada do ensino EAD tiveram acesso a programas de mentoria e rede profissional.

Perfil
Entre os alunos, maioria também pertence ao sexo feminino: 62,2% dos cursos presenciais e 60,1% dos alunos de cursos EAD. Entretanto, por faixa etária, há uma diferença significativa entre as idades dos estudantes de cursos presenciais e EAD. Enquanto os estudantes de cursos presenciais são mais jovens (68,9% possuem até 24 anos), as idades no EAD estão mais distribuídas (70,6% possuem 30 anos ou mais).

Por período de curso, diurno e noturno, 62,9% dos egressos de instituições privadas estudavam no período noturno, enquanto 71,9% dos egressos de instituições públicas estudavam no diurno, em sua maioria, em uma graduação integral.

Enquanto os alunos de cursos presenciais de instituições públicas estudam, em sua maioria, no período diurno (46,8% no integral), 57,2% dos matriculados em IES privadas estudam à noite. No EAD, esse comparativo não é viável por causa da flexibilidade que a modalidade apresenta, destaca o Semesp.

Por Ensino Superior