Melhor ensino remoto não é tela o dia todo, diz criador do Google Classroom
O abalo que a pandemia de coronavirus provocou no mundo, e na educação em particular, colocou sem aviso prévio milhões de estudantes em plataformas de educação online. E é do criador de uma delas a afirmação de que ficar o dia todo em frente a uma tela pode não ser o melhor a fazer em tempos de ensino híbrido.
Gerente de produto do braço de educação do Google, Zach Yeskel criou o Google Classroom, que, em um ano, passou de 40 milhões de usuários para 150 milhões, em um número que inclui estudantes, professores e gestores de escolas.
A plataforma permite a postagem de propostas e tarefas pelos educadores, que podem também receber o retorno dos alunos por ali. Outras atividades podem ser feitas também com a integração com outros programas do Google, como o Docs, para documentos, e o Meets, para aulas e encontros virtuais em geral.
Usado tanto em escolas privadas como nas redes públicas de diversos estados, como São Paulo, o Google Classroom foi o sétimo termo mais procurado pelos usuários brasileiros no gigante de buscas em 2020 (atrás de coronavírus, auxílio emergencial, eleições 2020, eleições EUA, BBB 2020 e Copa do Brasil).
Assim como o uso de plataformas como essa, a transformação da sala de casa em sala de aula tornou centrais problemas que antes eram secundários, como a desigualdade de acesso à internet. Desafios novos surgiram. O medo dos jovens de perderem a conexão e verem virar meme a imagem congelada na tela é um exemplo, assim como a dificuldade do professor de atrair a atenção do aluno sem o olho no olho.
Em resposta a algumas dessas questões, o Google anuncia nesta quarta-feira (17) mudanças que visam, entre outros pontos, ajudar educadores a engajar mais os alunos nas aulas e facilitar o acesso de quem não tem conectividade boa.
Atrair a atenção dos alunos tem sido especialmente desafiador para pais e professores de crianças mais novas.
“Aprendemos que uma boa prática para o ensino remoto não é pedir para estudantes ficarem em frente a uma tela como se estivessem na escola o dia todo, mas sim ter mais atividades assíncronas [não ao vivo]”, diz Yeskel. Ou seja, dar um oi virtual ao professor e aos colegas, talvez ter alguma reunião online, ficar por dentro das tarefas do dia, fazê-las em casa e depois enviar o que foi feito ao professor ou aos colegas.
“Isso traz desafios para os pais, que também precisam ficar mais engajados, então não funciona em todos os casos”, afirma. “Mas temos visto muita criatividade dos educadores em manter o engajamento, seja jogando jogos virtuais, seja levantando da cadeira e dançando por um tempo.”
Entre as novidades do Google para melhorar o engajamento da turma está a possibilidade de reações com o uso de emojis nos encontros ao vivo e o detalhamento para os professores de estatísticas de participação. Será possível saber, por exemplo, quem visualizou determinada tarefa e qual foi a última vez que viram alguma atividade.
As preocupações com cyberbullying também cresceram neste ano, junto ao uso das plataformas.
Uma das novidades permitirá que o professor silencie todos os participantes de uma vez e encerre a reunião para todos os alunos.
Outro anúncio importante se refere à possibilidade de uso offline do Classroom para quem tiver dispositivo android. A conexão será requerida no envio das tarefas, mas não em sua elaboração.