Pandemia afeta formação de futuros médicos; universitários protestam contra suspensão de aulas práticas

Publicado por Sinepe/PR em

A pandemia de Covid-19 poderia ser a chance para que alunos de medicina aprendessem na prática como lidar com uma emergência sanitária e situações de estresse, em especial nos dois últimos anos da graduação, quando participam de atividades práticas dentro de hospitais.

Mas a formação exige acompanhamento de médicos mais experientes e muitos foram deslocados para a linha de frente. Desde março de 2020, a maioria das aulas práticas foram suspensas ou resumidas a períodos mais curtos. Agora, a reposição ocorre de modo acelerado, de acordo com o relato de estudantes.

Universitários ouvidos pelo G1 temem pelo impacto na qualidade na formação. A Associação Médica Brasileira (AMB) confirma que pode haver déficit, mas aposta que ele deve ser minimizado ao longo da formação de cada futuro profissional.

Para se tornar médico, o aluno passa pela graduação ao longo de seis anos. Os dois últimos são de aulas práticas (internato) em hospitais. Ao se formar, estão habilitados para trabalhar com clínica geral. Caso queiram se especializar, há ainda novo período de residência médica, que pode ser de 2 a 4 anos, de acordo com a área.

“Eu sinto, como docente, que a atividade dos primeiros anos foi levemente prejudicada, mas o grande prejuízo se deu nos últimos dois anos, que são de atividade de campo, em laboratórios, enfermarias, centros cirúrgicos”, afirma César Eduardo Fernandes, presidente da Associação Médica Brasileira (AMB).

“Mesmo as instituições melhor qualificadas tiveram muita dificuldade em manter as condições do ensino prático”, avalia Fernandes.

Os relatos de protestos e reclamações de estudantes ocorrem nas redes pública e privada. Em fevereiro, os estudantes dos cursos de saúde da Universidade Federal do Piauí (UFPI) cobraram a volta às aulas na modalidade híbrida, quando parte dos alunos têm aulas de forma remota e outra parte presencial. As aulas presenciais foram suspensas em março de 2020. Em março, protestos foram puxados também na rede privada em São Paulo.

Por: G1