Seu filho aprende? Estudos mostram impacto das aulas on-line no ensino
Se o retorno às aulas presenciais em Minas e em outras partes do país divide opiniões, as condições impostas pela pandemia de COVID-19 à educação trouxeram uma espécie de consenso entre pesquisadores, pais e até estudantes: adotado e adaptado às pressas, o ensino remoto trouxe defasagem no aprendizado.
Implantadas como medida emergencial, as aulas mediadas pelas telas de computador e do celular não deram conta de suprir as interações presenciais entre alunos e professores na escola. E pesquisas já confirmam o que as famílias intuíam.
Uma das que medem os impactos do ensino remoto sobre a aprendizagem foi feita pelo Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (CAEd/UFJF).
Outra, intitulada “Infância e pandemia na Região Metropolitana de Belo Horizonte”, foi desenvolvida por pesquisadores do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Educação Infantil e Infância (Nepei) da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (FAE/UFMG).
Na pesquisa do CAEd, foram avaliados cerca de 7 mil estudantes para cada ano analisado – 5.º e 9.º anos do ensino fundamental e 3.º do nível médio –, nos conteúdos de língua portuguesa e matemática de escolas da rede pública de São Paulo.
Os testes foram aplicados presencialmente e elaborados de acordo com o currículo estadual e a Base Nacional Comum Curricular. Os resultados não foram muito animadores.
A professora Lina Kátia, coordenadora do CAEd e do estudo, afirma que a pesquisa foi feita em São Paulo, mas traz indicadores que podem ser considerados em outros estados, inclusive Minas Gerais.
Foi comparado o início das séries em 2021 com o final das respectivas séries em 2019. Um dos resultados mais preocupantes foi que os alunos do 5.º ano precisariam recuperar habilidades do 4.º ano.
“Os resultados mostraram que estudantes iniciaram a 5.ª série com habilidades da 3.ª. O problema maior está com a matemática. O efeito escola na disciplina é visível, ou seja, a presença do professor na educação matemática é um ponto muito relevante”, afirma Lina Kátia de Oliveira.
A defasagem maior dos alunos foi em relação aos conteúdos da disciplina. “Eles estão no 5.º ano resolvendo problemas muito elementares de adição e subtração. Não resolvem problemas que envolvam multiplicação ou divisão. A solução de problemas numéricos envolvendo as quatro operações está verdadeiramente comprometida”, diz a professora.
Por: Em