Enem: 8 em cada 10 jovens não prestaram a prova em 2020, e 45% não pretendem fazer neste ano, diz pesquisa
‘Números mostram a ‘desilusão juvenil”, afirma Marcus Barão, presidente do Conselho Nacional da Juventude, que fez o levantamento com 68 mil jovens de 15 a 29 anos.
Uma pesquisa feita com 68 mil jovens de 15 a 29 anos aponta queda na adesão ao Exame Nacional do Ensino Médio e um aumento na preocupação com o desempenho na prova.
Os dados são da pesquisa “Juventudes e a Pandemia”, feita pelo Conselho Nacional da Juventude (Conjuve). Eles apontam como os jovens estão lidando com as restrições da pandemia e como isso afeta estudos e renda.
De acordo com os dados, 7 em cada 10 jovens (74%) afirmam que se sentem despreparados para fazer o Enem. O percentual é maior do que no ano passado, quando 56% apontaram o mesmo receio.
Os dados indicam ainda que quase seis em cada dez (57%) dizem que já pensaram em desistir da prova. Em 2020, o índice era de 49%.
A pesquisa também apontou que o percentual de jovens que já pensou em desistir de estudar durante a pandemia cresceu de 28%, em 2020, para 43% em 2021. O índice fica ainda maior se considerada a faixa etária de 18 a 24 anos, quando chega a 49%.
Entre os motivos, 21% dos jovens dizem que pararam de estudar por questões financeiras e 14% por dificuldades no acesso ao ensino remoto.
A adesão ao Enem revela como está o engajamento dos estudantes na pandemia, afirma Marcus Barão, presidente do Conjuve. E os números mostram a “desilusão juvenil”, afirma.
A prova é considerada o maior vestibular do país. A nota é usada para disputar vagas em universidades públicas pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), para disputar bolsas de estudos por meio do Programa Universidade para Todos (Prouni) e crédito para pagar mensalidades, pelo Financiamento Estudantil (Fies).
Na edição de 2020, o Enem teve recorde de abstenção: 55,3% faltaram à edição impressa e de 71,3% à versão digital. A prova foi marcada pelo adiamento do exame, de novembro para janeiro, e pela realização da prova em um momento crítico da pandemia, com aumento no número de casos.
Os números indicam que:
• 8 em cada 10 jovens ouvidos não fizeram o Enem em 2020;
• 45% dos jovens não pretendem fazer Enem 2021;
• 29% não sabem se farão Enem 2021.
Dados sobre saúde mental e emprego trazem ainda a dimensão do impacto da pandemia:
• 61% sentem ansiedade;
• 51% declararam estar exaustos ou cansados constantemente;
• 17% afirmam ter depressão;
• 53% se diz inseguro em relação à própria saúde;
• 29% dos jovens tiveram perda de renda pessoal; entre eles, 31% são negros e 25%, brancos;
• 44% tiveram perda de renda familiar.
“Estes dados são um reflexo da desilusão juvenil. O Enem é uma porta de sonho e esperança, uma etapa de transição da escola para a vida de jovem adulto. Se existia esperança de que em 2021 poderíamos retomar o velho normal ou conhecer um novo normal, o que estamos vivendo é uma situação cansativa, exaustiva, que aprofunda e agrava vulnerabilidades e violações de direitos”, afirma Marcus Barão, presidente da Conjuve.
O levantamento teve parceria com Em Movimento, Fundação Roberto Marinho, Mapa Educação, Porvir, Rede Conhecimento Social, Unesco e Visão Mundial. Foram ouvidos 68 mil jovens de 15 a 29 anos em março e abril deste ano.
Soluções
Para mitigar os efeitos negativos da pandemia, Barão diz que será necessário investir na vacinação em massa e elaboração de um plano de retomada feito em parceria com a União, estados municípios e sociedade civil.
Além disso, destaca Barão, é importante considerar os principais motivos para os jovens pensarem em interromper os estudos ou não fazerem o Enem.
“Entre eles estão a necessidade de complementação de renda, seguido pela dificuldade de lidar com estudo remoto, além de desafios como problemas de saúde e depressão. Pensar em políticas públicas para inclusão positiva destes jovens, e para geração de renda e apoio mental, será importante para evitar problemas como evasão e não realização do Enem”, afirma.
Enem 2021
As inscrições para a prova abrem em 30 de junho. O valor é de R$ 85. As versões impressa e digital serão aplicadas nas mesmas datas, em 21 e 28 de novembro.
Confira o cronograma:
• Inscrições: 30/6 a 14/7
• Pagamento da inscrição: até 19/7
• Pedido de atendimento especializado: 30/6 a 14/7
• Pedido de tratamento pelo nome social: 19 a 23/7
• Provas: 21 e 28/11
Na última sexta (11), a Defensoria Pública da União (DPU) entrou com uma ação contra a União pedindo que estudantes que faltaram ao Enem 2020 tenham isenção na taxa da edição de 2021.
Pelas regras em vigor, alunos que foram isentos em 2020 por se enquadrarem nos critérios, mas faltaram à prova, precisaram justificar a ausência para continuar tendo acesso ao benefício.
O resultado preliminar com os pedidos aprovados saiu semana passada. Os recursos poderão ser apresentados entre 14 e 18 de junho.
Na ação, o defensor público João Paulo Dorini argumenta que não é necessário exigir justificativa de ausência “em razão do contexto pandêmico”. O defensor pede que sejam aceitos pedidos de isenção baseado em autodeclaração dos candidatos que tenham tido suspeita da doença contato com pessoa infectada, ou que tenha faltado porque não queria se expor à aglomeração.
Por: G1