Educação e tecnologia: por que grandes empresários querem investir nas ‘edtechs’
A nova economia e educação financeira estão na mira dos empresários que querem ‘formar para a realidade e para as tendências’
Desde que decidiu vender o Orlando City, o bilionário Flávio Augusto da Silva afirmou que seus investimentos seriam voltados para o setor de educação. E a promessa está sendo cumprida. Em entrevista exclusiva à CNN, o empresário confirmou que pretende investir cerca de R$ 1 bilhão no setor de educação, nos próximos três anos. Na última semana, Flávio anunciou um aporte para a aquisição de 100% da Conquer, escola de negócios da nova economia.
“A Conquer é uma empresa nova que, em 4 anos, cresceu do zero para um faturamento de R$ 35 milhões, no último ano. Essa aquisição faz parte de uma estratégia de multiplataforma. Vamos ter conteúdos voltados para a realidade do mercado de trabalho”, afirma Flávio.
O presidente da Wiser Educação quer fugir dos modelos tradicionais e planeja investir na oferta de cursos mais práticos. “Meu objetivo é melhorar a empregabilidade, a carreira profissional, o salário e as condições para que todos tenham a possibilidade de empreender e gerar empregos.”
Para Flávio, o interesse das pessoas em conteúdos da área de negócios tem crescido muito nas redes sociais, e isso traz à tona uma oportunidade para o desenvolvimento da atividade econômica do país. No entanto, o empresário ressalta que, para isso acontecer, é preciso que as escolas não fiquem paradas no ensino convencional: “O ensino tradicional é muito conteudista, e a vida não é isso. Precisamos de mais ações que possam formar o aluno para a realidade, como finanças pessoais e oratória, por exemplo.”
No momento, segundo Flávio, 40 empresas estão no radar da Wiser. Dessas, 17 já assinaram um contrato de confidencialidade e duas devem ser incorporadas nos próximos meses.
Questionado sobre o futuro da educação, em especial em relação à presença da tecnologia no setor, o empresário é direto: “Agora, as ações on-line são feitas com mais naturalidade. É um caminho sem volta. E as edtechs fazem parte de um modelo educacional tecnológico, com recursos pedagógicos diferentes do modelo presencial e com larga escala. Se feito com qualidade, esse modelo pode desenvolver ainda mais a aprendizagem dos alunos.”
Mesmo assim, Flávio não acredita no fim do modelo presencial: “Esse tipo de ensino não vai morrer, ele vai ter o seu espaço. Porém, o on-line veio para ficar. A sociedade não vai voltar a ser exatamente como era antes em relação ao comportamento do consumidor. Haverá um equilíbrio, mas o digital pode ir muito mais longe. Vamos ter, em breve, mais de 1 milhão de alunos matriculados em nossa plataforma.”
Edtech financeira
Outro empresário que está apostando alto nas edtechs é Thiago Nigro, dono do Grupo Primo. No primeiro semestre, Nigro lançou uma plataforma de conteúdos sobre finanças e investimentos, que funciona no modelo de assinatura. O grupo está investindo R$ 20 milhões no projeto, chamado de Finclass. No primeiro mês de funcionamento, o aplicativo já teve mais de 850 mil visualizações, e a aula de criptomoeda é a mais assistida.
“O aplicativo é um encontro de três pilares: reunião dos maiores do mundo em finanças, desenvolvimento de um design profissional e cinematográfico e o uso da mais avançada tecnologia”, elenca o empresário.
Thiago Nigro também é um crítico do modelo tradicional usado nas escolas: “No Brasil, as maiores faculdades têm cursos que não estão alinhados com as tendências de mercado. Muitas instituições preparam os alunos para o hoje, mas sem preocupação com o amanhã. A educação deveria olhar para as tendências e não apenas para a atualidade. O aluno já se forma desatualizado.”
Com mais de 5 milhões de seguidores no Instagram, Nigro entende que o retorno de estudar no modelo atual está cada vez menor: “você investe em educação no modelo atual e não recebe o dinheiro de volta, porque não está realmente preparado a realidade do mercado.”
A edtech de Nigro tem cursos tanto para quem quer dar os primeiros passos em educação financeira, com conteúdos voltados para escolha de ação, carteira, perfil investidor e criptomoeda, como para quem já tem conhecimento mais avançado, com cursos sobre equity e gestão financeira.
Questionado sobre qual o motivo do alto investimento em educação, o empresário é enfático: “Porque existe uma defasagem educacional gigante no Brasil, e a educação financeira é um problema sem solução. Apenas 1% das pessoas se aposentam com a mesma qualidade de vida que tiveram durante o período produtivo. Hoje, acredito que eu sou uma pessoa que pode ajudar a mudar essa realidade, pois eu vivi todos os lados do dinheiro: já fiquei endividado, já precisei contar centavos, já ganhei, perdi, ganhei de novo. Por essa razão, estou no ecossistema certo para engajar as pessoas.”
Por: CNN Brasil