Muito frio para levar as crianças à escola?
Saiba como minimizar os efeitos das baixas temperaturas na rotina dos pequenos em idade escolar
Enquanto algumas crianças ficam aconchegadas em casa nos dias mais frios, outras tantas pulam cedo da cama rumo à escola. Para se unir aos colegas, muitas se deslocam de carro, outras usam o transporte coletivo ou vão caminhando. De acordo com o Censo Escolar, de 2021, o país possui mais de 26,5 milhões de crianças matriculadas na educação básica. Diante disso, e independentemente da circunstância, é importante seguir algumas precauções antes de expô-las às baixas temperaturas.
“As crianças são propensas à perda de calor em climas frios”, diz a educadora Dayse Campos, de Curitiba (PR). Ela lembra que, para além do frio, as mudanças de estações podem trazer riscos à saúde dos pequenos, como crises respiratórias, contaminação por doenças virais e bacterianas – o que vem a calhar em tempos pandêmicos.
Uma particularidade da região mais ao sul do país, nessa época do ano, é o fato de ser sazonalmente fria. Em Curitiba, por exemplo, a luz solar é tímida e a umidade prevalece. A dupla frio e umidade na capital paranaense levanta uma questão frequente entre pais e professores da educação infantil: como manter os pequenos aquecidos na jornada diária?
“Fazê-los brincar”, explica Dayse Campos, que é diretora da Escola Interpares, em Curitiba. Sua experiência de mais de 15 anos na direção da escola a permite observar que nos dias mais frios e chuvosos os espaços ficam reduzidos. “Cerca de 80% das escolas, em dias assim, aglomeram as crianças numa sala para promover o “dia do cinema” ou outras atividades em locais fechados. Os alunos ficam parados, assistindo filme, ouvindo histórias, compartilhando viroses e com o corpo frio”, afirma.
Por isso, a Interpares não tem televisão ou programação 100% em sala nenhum dia do ano, nem mesmo para o berçário. Além de manter as crianças ativas, a escola prioriza espaços amplos e cobertos, mas fora da sala de aula. Promove brincadeiras nos pátios e ambientes onde o ar circule e as crianças possam se movimentar, sempre bem agasalhadas. “Temos várias caixas temáticas, que levamos para vários cantos da escola, e promovemos com elas movimento, investigação, socialização e descobertas”, relata.
Segundo a diretora, desde que os espaços amplos passaram a ser priorizados, a incidência de doenças como gripe, mão-pé-boca e outras comuns da infância foi significativamente reduzida na escola. As dicas da diretora ajudam pais e cuidadores a minimizar os efeitos do frio severo sobre os pequenos em idade escolar. Confira algumas delas:
Tenha a tecnologia como aliada na escolha do vestuário – A tecnologia é uma boa aliada também no setor têxtil, que já popularizou roupas térmicas e tecidos confortáveis que permitem a movimentação dos pequenos ao ar livre. Há uma variedade de meias, conjuntos, agasalhos e jaquetas de preços diversos, inclusive a custos acessíveis. Em dias muito frios, utilize várias camadas de roupas leves e tenha em mente sempre vestir na criança uma camada a mais de roupa que um adulto usaria em dias muito frios. Também é recomendável escolher calçados impermeáveis e manter os pés aquecidos.
Extremidades úmidas – É comum acontecer de molhar as meias e gelar os pés devido o suor natural. O mesmo pode acontecer com as roupas mais próximas da pele. Nesse caso, tenham sempre um conjunto extra de roupas, sapatos e meias e, se necessário, faça a troca.
Preocupações com aglomerações – No frio, a tendência é manter janelas fechadas e promover atividades dentro das salas de aula, o que é desaconselhável, pois coloca em risco a saúde dos pequenos que ficam suscetíveis a vírus e bactérias com mais facilidade. Se esforce em promover atividades ao ar livre ou em ambientes amplos e bem arejados, além de aproveitar a luz solar (e seu calor) sempre que possível.
Hidrate, hidrate e hidrate – É muito importante manter as crianças hidratadas no frio, pois a desidratação no inverno costuma ser imperceptível para o organismo. Geralmente percebemos que necessitamos beber água quando já estamos com bastante sede. Por isso, além da ingestão de água, aposte nas bebidas quentes, como chás, caso a criança goste.
Proteger regiões mais expostas e as extremidades do corpo – O uso de acessórios como capas de chuva, luvas, toucas, coletes e cachecóis são excelentes opções para manter a cabeça, ouvidos, mãos e a região do tórax mais protegida do frio e do vento. Botina de borracha é uma alternativa para os dias chuvosos, lembrando que já existem modelos com revestimento interno de lã.
Diversificar as brincadeiras e atividades – Não é uma boa ideia em dias frios manter as crianças aglomeradas em salas fechadas e com pouca luz. Isso facilita o frio nos pés e mãos pela falta de movimento. Além disso, favorece a contaminação por vírus e bactérias. Invista em brincadeiras que façam os pequenos se movimentarem. É recomendável sempre ter duas ou três atividades específicas para os dias mais frios e chuvosos. Isso cria, inclusive, a memória nas crianças. “Entender que existem possibilidade de aprendizado e diversão em dias frios, quentes, secos e chuvosos faz parte do ensino”, finaliza Dayse.
Por: Interpares