Conheça 6 projetos educacionais com soluções sociais em diferentes países
Selecionadas pela Fundação Jacobs, da Suíça, iniciativas sociais serão premiadas em setembro; uma delas é a brasileira Movva
Com sede em Zurique, na Suíça, e atuação global, a Fundação Jacobs seleciona, a cada dois anos, projetos educacionais voltados ao desenvolvimento da infância e da adolescência de diferentes países. São duas as premiações, ambas em homenagem ao fundador, o empresário Klaus J. Jacobs (1936-2008): o Prêmio Klaus J. Jacobs de Pesquisa (com foco em trabalhos científicos) e o Prêmio Klaus J. Jacobs de Melhores Práticas, que reúne soluções inovadoras escaláveis e financeiramente viáveis.
Nesta edição de 2022, duas propostas entre as melhores práticas serão anunciadas em setembro e receberão um financiamento de até US$ 156 mil cada. Entre as dez finalistas, seis delas já anunciadas para o público – entre as quais a edtech brasileira Movva. Por meio de inteligência artificial, o projeto brasileiro trabalha com mensagens motivacionais via SMS, para pais e estudantes, a fim de evitar evasão escolar e incentivar o desempenho dos alunos, com apoio das famílias.
Confira, em detalhes, os seis projetos divulgados até 19 de julho que concorrem ao Prêmio Klaus J. Jacobs de Melhores Práticas:
Movva (Brasil)
“Pergunte ao seu filho uma profissão que ele admira, e o motivo.” “A convivência familiar é importante para o desenvolvimento da criança. Como vocês vêm construindo essa relação familiar?” Estes são exemplos de mensagens inspiradoras enviadas via SMS, de apoio e reflexão, foco do Eduq+, um dos projetos da Movva.
Autointitulada como primeira startup de “nudgebots” do mundo (em inglês, nudge significa um “cutucão”, um lembrete, um toque positivo; e bot é a abreviatura de robô), a Movva é sediada em São Paulo e tem atuação na América Latina e na África subsaariana. Na Costa do Marfim, por exemplo, onde é culturalmente comum que as crianças trabalhem na colheita do cacau, o programa envia mensagens às famílias, voltadas à diminuição dos castigos físicos e ao estímulo para que não abandonem a escola. De acordo com a reportagem do Projeto Draft, depois de dez meses de projeto, os estudantes das cidades de Aboisso e Bouaflé faltaram metade das vezes se comparados aos que não receberam as mensagens.
Durante o período de distanciamento social, a Movva alcançou dois milhões de estudantes e suas famílias no Brasil, Costa do Marfim, Gana, Guatemala e Honduras.
Sabre Education (Gana)
Fundada em 2003, a iniciativa é focada na primeira infância, com treinamentos de professores baseados na metodologia de jogos e no aprender brincando. Já foram construídas 19 escolas com a proposta. Além disso, a Sabre Education tem apoiado o currículo nacional voltado à infância, envolvendo diretores, pais e governo local para garantir mudanças em todo o sistema.
Em 2019, uma avaliação de 3.222 crianças após a formação de professores do Sabre mostrou que 72% tinham um domínio suficiente ou forte de habilidades de pré-leitura, pré-escrita, matemática e comunicação.
Em 2018, o Sabre Education recebeu o Prêmio Hamdan, da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), pela excelente prática e pelo aumento da eficácia dos professores por meio da ludicidade.
The Luminos Fund (EUA)
Com sede em Boston, o projeto oferece programas educacionais para crianças que tiveram o direito à educação negado, seja por crise, por pobreza ou por discriminação. A iniciativa acontece em escolas de alguns países na África Subsaariana e do Oriente Médio, regiões nas quais muitas das crianças são as primeiras de suas famílias a estudar formalmente.
O programa principal do Luminos Fund, intitulado Second Chance (Segunda Chance, em português), é voltado para crianças que estão fora da escola. Em dez meses, a proposta busca ensinar os alunos a ler e fazer contas, permitindo que alcancem três anos de aprendizado em apenas um ano letivo.
Até o momento, mais de 150 mil crianças foram ensinadas pela metodologia, que formou cerca de 6 mil professores comunitários e outros 14.242 educadores em escolas públicas da Etiópia, Libéria, Gana, Gâmbia e Líbano.
Fundación Luker (Colômbia)
Localizada na cidade de Manizales, a 316 quilômetros de Bogotá, a Fundación Luker atua como um laboratório de inovação social, criando soluções que promovem o desenvolvimento das pessoas e de suas comunidades.
Entre os projetos, está a ‘Escola Urbana Ativa’, com 24 instituições de ensino nas quais pedagogias ativas apoiam o ensino de competências socioemocionais, atingindo mais de mil professores e 21 mil crianças.
Outra iniciativa é a “Universidade na sua escola”, focada no acesso dos egressos de escolas públicas ao ensino superior. O projeto “Vamos todos aprender a ler”, ligado à alfabetização pelo método fonético, alcançou mais de 700 mil estudantes e professores, e se tornou política pública na Colômbia e no Panamá.
Kidogo (Quênia)
Noventa por cento do cérebro de uma criança se desenvolve antes dos cinco anos. Se ela passa a primeira infância em um ambiente inseguro e insalubre, pode entrar na escola primária com déficits cognitivos, emocionais e físicos. Muitas vezes, recorrem a trabalhos braçais quando adultos, continuando assim o ciclo intergeracional de pobreza.
Com sede em Nairóbi, no Quênia, o Kidogo foi criado para enfrentar a crise de assistência infantil no país. Nos assentamentos informais do país, onde vivem mais de 60% da população urbana, as mães tomam uma decisão difícil sobre onde deixar seus filhos de até cinco anos quando vão trabalhar. Ou tirar os irmãos mais velhos (adolescentes) da escola e fazer com que cuidem dos irmãos mais novos, ou deixar a criança mais nova em uma creche informal onde um cuidador não treinado fornece supervisão básica.
As crianças desses assentamentos estão entre as mais vulneráveis do país, com quase metade (46%) sofrendo de nanismo e outras doenças que impedem o desenvolvimento completo do cérebro.
AfriKids & AfriKids Ghana (Inglaterra e Gana)
AfriKids, com sede em Londres, e AfriKids Ghana, localizada em Bolgatanga (Gana), apoiam comunidades pobres no norte de Gana, com foco nos direitos das crianças à saúde e à educação. Mais de 600 mil crianças ganenses estão fora da escola, 94% delas sofrem com algum tipo de violência, como trabalho infantil, casamento infantil, acesso precário a cuidados de saúde de qualidade, além das taxas de mortalidade e morbidade materno-infantil.
São organizações independentes que trabalham como uma só, com a abordagem baseada em ouvir as pessoas e capacitá-las para fazer mudanças sustentáveis, respeitando suas comunidades.
Desde 2002, esse modelo proporcionou algumas mudanças na estrutura educacional, incluindo a melhoria de 837 escolas e o apoio a mais de 300 mil crianças. A estratégia atual é a ‘1 Million Smiles’ (1 milhão de sorrisos, em português), alinhada aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU (Organização das Nações Unidas).
Por: Porvir