Professores contam com e-book gratuito para debater fake news na escola
E-book #FakeToFora, do EducaMídia, sugere criação de coletivo de checagem de informações sobre processo eleitoral
O dia 16 de agosto marcou oficialmente o início da campanha eleitoral de 2022 e, com isso, inúmeros temas passarão a figurar ainda mais no cotidiano de brasileiros e brasileiras. Fake news é um dos assuntos em alta, que fica ainda mais em evidência depois de eventos como a sabatina dos candidatos à Presidência da República com maior número de intenção de votos, realizada pela Rede Globo.
Pensando na importância de debater o tema na escola e seu potencial para ensinar os princípios da educação midiática a crianças e jovens, o EducaMídia lançou o e-book #FakeToFora, guia para auxiliar educadores na criação de um coletivo de checagem, isto é, um grupo de estudantes para confirmar a veracidade de notícias e reportagens sobre o processo eleitoral.
O e-book integra o projeto #FakeToFora – Quem Vota se Informa, que conta com outros sete módulos que procuram incentivar nos alunos o desenvolvimento de habilidades essenciais para consumir e produzir conteúdos de forma crítica e responsável no contexto de uma campanha eleitoral.
Criando o coletivo
O e-book sugere a criação de um coletivo de checagem das informações. Esse processo pode acontecer em quatro encontros: o material apresenta dicas práticas para os professores e indicações de conteúdos que podem apoiar os estudantes.
Como o trabalho em sala de aula tem o objetivo de promover um debate saudável sobre a dinâmica das informações disponíveis para o eleitor, e não influenciar o voto, Daniela Machado, coordenadora do EducaMídia, explica alguns dos cuidados tomados. “Não tratamos de candidatos ou partidos específicos, e sim proporcionamos reflexões sobre a confiabilidade das informações que circulam pelos mais diversos canais e entender a importância das informações a que temos acesso e como analisá-las. Assim, cada um poderá, individualmente, fazer escolhas bem informadas.”
No primeiro encontro, com caráter introdutório, a ideia é que os estudantes entendam o que é o processo de checagem de fatos e como diferentes veículos e portais. No segundo, aprenderão como funcionam os diferentes selos para categorizar as informações analisadas, indo além do falso ou verdadeiro, até criar seus próprios rótulos. No terceiro, sugere-se que criem, juntos, itens que não podem faltar na metodologia do coletivo de checagem, ou seja, passos que devem ser seguidos sempre que uma verificação de informação for realizada.
“Criar uma metodologia de checagem de fatos é muito interessante porque oportuniza que os alunos consigam desenvolver experiências enriquecedoras aprimorando a leitura crítica, o escrever com responsabilidade e uma participação cidadã ativa, principalmente quando eles disseminam esse conhecimento para a toda a sociedade”, defende Mateus Sacoman, professor dos cursos de pedagogia, história e ciências biológicas da UniFAI (Centro Universitário de Adamantina) e do ensino fundamental em escolas de Adamantina (SP) e idealizador do projeto “Tem fake news nessa História”.
Por fim, vem os ajustes finais: escolher o nome do coletivo e os veículos de comunicação que serão utilizados. Todas as etapas contam com links que exemplificam as atividades e conceitos e ajudam professores e alunos a navegar pelo processo de checagem de forma mais segura e amparada do que quem já o faz de forma profissional.
Prática generalizada de Fake News
A disseminação impressionante de fake news e desinformação não é privilégio da política. Outras áreas também contam com inverdades espalhadas pela internet, como é o caso da História.
Alunos do ensino fundamental de Mateus Sacoman começaram a procurá-lo contando sobre informações que encontravam no mundo virtual, muitas vezes desconectadas ou até desmentiam o que era visto nas aulas de história em sala de aula. Foi então que ele teve a ideia de criar o projeto “Tem fake news nessa História“, considerando os pilares da educação midiática, uma vez que, em 2020, o educador foi selecionado para participar da formação de multiplicadores Educamídia.
Como foi criado em 2020, o projeto foi inteiramente online. Estruturou-se um plano de pesquisa com temas e notícias sobre história que eram frequentemente alvos de desinformação. “De cara, assuntos como nazismo, Idade Média, preconceito étnico, direitos femininos e ditadura militar emergiram”, explica Mateus.
Em seguida, foram desenvolvidos debates sobre nos quais os estudantes encontravam na internet a importância da checagem dos fatos antes de curtir ou compartilhar algum conteúdo, distorções, negacionistas e desinformação, e o quanto tudo isso pode ser prejudicial à aprendizagem.
“Ao final, desenvolvemos produções digitais sobre os resultados coletados que são compartilhadas na internet (textos colaborativos ou imagens individuais), atingindo um maior grupo de pessoas, proporcionando uma verdadeira experiência prática de cidadania ao disseminar informação de qualidade, reverberando não somente no mundo digital, como fora dele, no nosso cotidiano”, explica Mateus.
O projeto também conectou estudantes do ensino fundamental e da graduação do curso de história. A partir dos temas e dúvidas selecionados com os alunos do ensino fundamental, os graduandos auxiliaram no desenvolvimento de alguns textos para ajudar o público que navega à procura de temas sobre história ou que simplesmente deseja checar uma informação.
O site da iniciativa traz uma gama de informações, como o que é educação midiática, o trabalho científico do historiador, quais são exemplos de perguntas disparadoras da atividade, quais habilidades da BNCC podem ser desenvolvidas, materiais de apoio e mais. Confira aqui.
Fique por dentro
Apesar de ser inteiramente pautado na campanha eleitoral, os procedimentos contidos no e-book #FakeToFora podem ser aplicados a outros temas e disciplinas. O papel dos professores é essencial para mostrar aos alunos a importância de questionar a informação, e não aceitar e consumir passivamente tudo ao que tem acesso. Perguntas como “quem é a fonte (ou autor) da informação”, “qual é a intenção da mensagem” e “quem ganha e quem perde com esse conteúdo” ajudam nessa jornada. Acesse o conteúdo na íntegra.
Por: Porvir