IES são premiadas por seus projetos de inovação
Projetos voltados para metodologia, formação docente e sustentabilidade se destacaram em premiação do Semesp
Em 2023, seis instituições de ensino superior foram premiadas por projetos inovadores no já tradicional Prêmio Prof. Gabriel Mário Rodrigues, empreendido pelo Semesp. Divididas nas categorias “IES” e “educador”, as vencedoras foram reconhecidas em diferentes modalidades. Conheça as campeãs da edição.
Na modalidade “gestão pedagógica”, com 56,5% dos votos, a Universidade de Marília (Unimar) se destacou pelo projeto “Proposição e execução do curso de ciência da computação”, assinado por Márcio Mesquita Serva. Após período sem oferta, a graduação em ciências da computação foi relançada pela IES em 2023 com um novo modelo pedagógico. Caio Saraiva Coneglian, coordenador do núcleo de inovação e empreendedorismo da Unimar, explica que a metodologia foi o foco da mudança. “Pensamos em uma metodologia orientada a projetos e com uma disciplina que chamamos de ‘fábrica de projetos ágeis’. Ela visa a promoção da interdisciplinaridade e traz também o aspecto de relacionamento com empresas. Assim, garantimos que o aluno esteja se relacionando com objetivos reais da sociedade”, diz.
Para Coneglian, o projeto “revolucionou” o curso, que hoje é o segundo mais buscado na Unimar e trouxe mudanças para toda a IES. “A inovação tecnológica se tornou pauta em toda a universidade. Falamos sobre a inserção de tecnologia como consequência do lançamento e do sucesso desse curso. Hoje, a Unimar se tornou a principal instituição de formação de mão de obra na área de tecnologia da região”, afirma.
Foi com o projeto “Formação de professores para o uso de rubricas na avaliação da aprendizagem”, desenvolvido por Alexandre Nunes Theodoro, que o Centro Universitário Faesa obteve 62,3% dos votos na modalidade “inovação na aprendizagem”. Formando os profissionais para o uso dessa ferramenta, o projeto visa a otimização do trabalho docente e o fornecimento de feedback qualificado, transparente e significativo aos alunos.
“O projeto tem sido aplicado em etapas, com ações colaborativas realizadas pela pró-reitoria, núcleo pedagógico, comitê de tecnologias educacionais e coordenadores de cursos. Inicialmente, são elaborados os materiais para estudos, como e-book, vídeo aula e tutorial para o uso da ferramenta de rubricas no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). A etapa seguinte é a formação docente, por meio do seminário de boas práticas, quando os professores compartilham suas experiências exitosas e todos respondem a um questionário para manifestarem suas considerações”, comenta Carla Letícia Alvarenga Leite, pró-reitora da instituição. Segundo Carla, os resultados obtidos com o projeto são gratificantes. “Em 2023, com a metodologia estruturada, alcançamos 100% de nossos professores formados.”
A Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul) também foi contemplada na premiação com o projeto “Perfiladora de fibra de bananeira: a inovação frugal como impulsionadora para o desenvolvimento sustentável em comunidades rurais”, de autoria da professora Anelise Leal Vieira Cubas. De acordo com a autora, a inovação frugal prioriza a minimização de complexidade e custos, enquanto maximiza o valor e a acessibilidade, especialmente em mercados com recursos limitados de baixa renda. “Essa abordagem adapta-se às condições locais, buscando eficiência em recursos e resiliência”, comenta. O projeto da Unisul venceu a categoria “ações junto à comunidade” com 43,2% dos votos.
“A perfiladora de fibra de bananeira nasceu de uma demanda da comunidade de Corupá, cidade catarinense que é a quarta maior produtora brasileira de banana. Os agricultores, mais especificamente as mulheres agricultoras, viram potencial no pseudocaule da bananeira, pois cada vez que se colhe um cacho de banana o pseudocaule é descartado. Esse pseudocaule é constituído de uma fibra com alto valor agregado para produção de móveis, artesanato, têxteis entre outros. Porém o seu beneficiamento é atualmente feito todo de forma manual com facão e isso dificulta e atrasa a produção em escala. A associação de bananicultores vê um mercado em potencial para esse pseudocaule, mas tem dificuldade de atender devido principalmente à falta de um maquinário adequado que possibilite produzir em escala a baixo custo”, detalha Anelise.
“O projeto surgiu a partir de uma pesquisa com alunos de graduação e pós-graduação em conjunto com a comunidade. A perfiladora permite que a fibra seja beneficiada de forma automatizada em uma máquina abastecida com motor elétrico, porém com baixo consumo de energia. Em poucos minutos, as bananicultoras conseguem extrair as fibras do pseudocaule e o mais importante – com segurança”, acrescenta.
Financiado pelo projeto Bridge da União Europeia via Fapesc, o projeto foi desenvolvido com professores e alunos do curso de pós-graduação em administração e de engenharia e do grupo de pesquisa Greens. “Após o desenvolvimento do projeto, se iniciou a construção da máquina com fundos do projeto Bridge que, após vários testes, foi entregue à comunidade durante a celebração da festa da Banana, em agosto. Após a entrega da máquina, a equipe de professores e alunos foram algumas vezes a Corupá capacitar as usuárias para usar a máquina, além de fazer testes para pesquisas de doutorado e pós-doutorado”, diz.
Além da Unisul, do Faesa e da Unimar, também foram premiados o Centro Universitário Maurício de Nassau (Uninassau), na modalidade “inovação na aprendizagem”, o Centro Universitário Augusto Motta (Unisuam), em “gestão pedagógica”, e o Centro Universitário Ritter dos Reis (Uniritter), por “ações junto à comunidade”.
Por: Revista Ensino Superior