Direito e psicologia são os cursos presenciais com mais matrículas em 2024
A modalidade presencial teve aumento de 17,5% no número de matrículas e queda de 16,7% no valor médio das mensalidades
Os cursos de direito e psicologia na modalidade presencial foram os que mais cresceram em número de matrículas este ano. Respectivamente, foram 11,9% e 11,5% de estudantes a mais do que em 2023. No EAD, os cursos que mais cresceram no mesmo período foram administração, 19,5%, e pedagogia, 17,7%. Cerca de 52% das IES que participaram da pesquisa Captação de Alunos no Ensino Superior Privado Brasileiro detectaram o aumento de alunos nos cursos presenciais. No EAD, 47,2% apontaram esse crescimento. Entre essas IES que tiveram aumento de matrículas, o crescimento médio ficou em 17,5% nos cursos presenciais e 17,6% no EAD.
No total, o crescimento médio de alunos nas IES privadas chegou a 4,7% em cursos presenciais, contra 5,1% em cursos EAD. A pesquisa foi realizada entre os dias 1 e 17 de março deste ano, pelo Instituto Semesp, e teve a participação de 71 instituições de todas as regiões, sendo 65 mantidas/mantenedoras e seis grupos educacionais. A notícia parece boa, já que a retração de matrículas nos cursos presenciais tem sido recorrente nos últimos anos.
Queda nas mensalidades é preocupante
Por outro lado, a pesquisa Mensalidades Aplicadas no Ensino Superior, também do Instituto Semesp, apontou que houve uma queda de 16,7% na mensalidade média de cursos presenciais e de 4,5% nos cursos EAD. Sem considerar os cursos de Medicina, a queda na mensalidade média dos cursos presenciais chegou a 17,7%. O valor médio das mensalidades de cursos presenciais ficou em R$1.132 no primeiro semestre de 2024, valor que é montante 3,3 vezes maior do que o aplicado em cursos EAD (R$348), no mesmo período. Sem considerar o curso de Medicina, a mensalidade média ficou em R$1.067.
A pesquisa foi realizada entre os dias 21 de fevereiro e 11 de março de 2024, com uma amostra de 105 cursos presenciais e 141 cursos EAD, ofertados por 236 diferentes IES de todas as regiões do Brasil e também mostrou que este ano os percentuais de descontos estão maiores, “o que pode indicar um esforço do setor para atrair novos alunos em meio à crise financeira enfrentada nos últimos anos”, destacou Rodrigo Capelato, economista e diretor-executivo do Semesp.
O desconto pontualidade, destinado a quem pagar as mensalidades no dia do vencimento, é uma prática de 29,2% das IES que ofertam cursos presenciais e 28,9% das que ofertam EAD.
Esses descontos podem chegar a 20% para cursos presenciais e, no EAD, a mais de 50%. Para Capelato, a situação pressiona o resultado financeiro das instituições, e caracteriza “uma preocupante fragilidade do segmento do ensino superior privado em relação aos valores praticados e custos das IES.”
Lúcia Teixeira, presidente do Semesp, afirmou que “a redução nos valores das mensalidades para a captação de alunos coloca em risco o próprio futuro do setor. Além disso, a reputação de uma instituição é fundamental para a captação de alunos e tem peso considerável na escolha do estudante”, ponderou.
Competir com qualidade
Os cursos de psicologia, enfermagem e farmácia, na modalidade presencial, tiveram aumento considerável de estudantes no Centro Universitário São Camilo, em São Paulo. Carlos Ferrara Júnior, pró-reitor acadêmico, conta que, até o ano passado, o curso de psicologia era ministrado somente no campus Pompéia, com turmas pela manhã e à noite. Este ano foi aberta turma no campus Ipiranga também. São 250 vagas totalmente preenchidas e com lista de espera.
Esse aumento, diz Ferrara, não é resultado de descontos ou de diminuição no valor das mensalidades. “Não praticamos descontos nos cursos presenciais, mantivemos os valores e conseguimos crescer. Estamos disputando mercado, oferecemos nossa qualidade e tradição.” Além do aumento de estudantes nos três cursos, os demais que a IES oferece mantiveram a meta de 10% a mais em relação ao número anterior, conta o pró-reitor.
A política de descontos, entretanto, é destinada aos cursos EAD. Na São Camilo, o EAD começou há cinco anos com pedagogia e gestão hospitalar. No ano passado, mais quatro cursos da área de gestão foram oferecidos. A modalidade tem como objetivo formar os funcionários dos hospitais da rede. Há polos de EAD em cada uma das unidades, em várias regiões do país. O preço das mensalidades gira em torno de R$ 320,00. Foram concedidos descontos de 50% para quem se matriculasse no primeiro semestre deste ano. Ferrara diz que a estratégia deu certo, houve aumento de matrículas. “Foi interessante porque além dos funcionários conseguimos alcançar pessoas externas que procuraram a nossa faculdade.”
A equação para competir com os grandes players do mercado e manter a qualidade, entretanto, não é simples. O número de alunos no EAD ainda não é suficiente, diz Ferrara, mencionando que há investimentos em material próprio, contratação de conteudistas, professores e tutores.
O curso de administração também está entre os mais procurados na modalidade presencial. Na Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap), a graduação é ofertada apenas na modalidade presencial por questões estratégicas. “Avaliamos que não conseguiríamos entregar educação condizente com a qualidade esperada por nós com os preços hoje praticados pelo mercado”, contou o vice-reitor e professor de administração, Taiguara Langrafe. A estratégia, segundo Langrafe, é a oferta de uma educação transformadora de alta qualidade, com atendimento a todos os segmentos da sociedade interessados em projetos pedagógicos sólidos – de classe A a E.
“Hoje temos uma demanda estável, após anos de redução devido ao aumento de concorrência. Apesar do grande número de estudantes de administração no total, a divisão de alunos por curso sofreu forte redução ao longo dos anos.” O vice-reitor explicou que não houve redução no valor das mensalidades. “A Fecap manteve a sua precificação e apostou em melhorias nas condições do campus, novos espaços de aprendizagem e novos laboratórios, especialmente de informática, de forma a aumentar o valor percebido”, disse.
Por: Revista Ensino Superior