Como equilibrar aulas expositivas e metodologias ativas para melhorar a aprendizagem
Planejar aulas de forma integrada e harmoniosa é o primeiro passo para um ensino mais dinâmico e significativo. Confira as recomendações de Débora Garofalo, colunista do Porvir, para desenvolvê-las
Muito falamos no uso das metodologias ativas que têm ganhado cada vez mais espaço no cenário educacional, trazendo uma abordagem mais dinâmica e participativa para o processo de ensino-aprendizagem, não por modismo, mas por abrir espaço a um aprendizado que coloca o estudante no centro da aprendizagem. No entanto, é importante ressaltar que as aulas expositivas também têm sua relevância e devem ser utilizadas de forma equilibrada, para proporcionar uma formação integral aos estudantes.
As metodologias ativas, nas modalidades de sala de aula invertida, aprendizagem baseada em projetos e aprendizagem colaborativa, têm como principal objetivo colocar o estudante como protagonista de seu próprio aprendizado. Nesse contexto, eles são estimulados a buscar informações, debater ideias, resolver problemas e construir conhecimento de forma mais autônoma e significativa.
Um exemplo prático do uso de metodologias ativas em sala de aula é a realização de um projeto interdisciplinar, no qual a turma pode ser dividida em grupos que sejam desafiados a resolver um problema real que envolva conhecimentos de diversas áreas do conhecimento. Durante o desenvolvimento do projeto, os estudantes terão a oportunidade de aplicar na prática o que aprenderam em sala de aula, desenvolvendo habilidades como trabalho em equipe, liderança e pensamento crítico.
No entanto, as aulas expositivas também desempenham um papel importante no processo de ensino. Elas permitem que os professores compartilhem conteúdos teóricos, conceitos fundamentais e informações essenciais para a compreensão de determinado assunto. Além disso, as aulas expositivas podem ser utilizadas para introduzir novos temas, contextualizar os conhecimentos adquiridos e estimular a reflexão dos estudantes.
Para José Moran, professor, pesquisador e designer de projetos inovadores na educação com ênfase metodologias ativas, “o equilíbrio entre aulas expositivas e metodologias ativas depende do projeto político-pedagógico de cada escola. Currículos por projetos e competências enfatizam a escuta ativa, a pesquisa e a experimentação; neles, as aulas expositivas são pontuais e breves: apresentam cenários, introduzem conceitos-chave, explicam aspectos complexos.”
Como equilibrar metodologias ativas e aulas expositivas em sua aula
Para equilibrar o uso das metodologias ativas com as aulas expositivas, os professores devem planejar suas aulas de forma integrada e harmoniosa. É importante identificar os momentos em que cada abordagem é mais adequada e combinar diferentes estratégias para atender às necessidades e interesses dos estudantes. Dessa forma, é possível promover um ensino mais dinâmico, participativo e significativo, que contribua para o desenvolvimento integral da classe.
Para o professor Moran, “muitas escolas iniciam as aulas com uma participação mais intensa do professor no início (motivação, pequenas explicações) seguidas de atividades diversificadas realizadas pelos alunos (projetos, discussões) e alguma forma de fechamento e síntese. Faz muito sentido a aula invertida (aluno acessa pequenas aulas em vídeo, pesquisa antes) com o uso de plataformas e aplicativos possíveis que favoreçam uma maior personalização e que o professor desenhe atividades de acordo com as necessidades específicas dos estudantes atuando mais como designer, mediador tutor/mentor. Em escolas com mais recursos o currículo pode prever tempos individuais de atividades (plataformas adaptativas com inteligência artificial), participação criativa em projetos integradores STEAM em grupo e tempos de mentoria. Aulas expositivas são importantes, mas em projetos pedagógicos avançados não são centrais, mas integradas a um currículo com ênfase em projetos e competências.”
Assim, os professores conseguem adotar diferentes estratégias. Como exemplo, ao introduzir um novo conteúdo, o professor pode iniciar o ensino com uma breve aula expositiva para apresentar os conceitos fundamentais e, em seguida, dividir a classe em grupos para realizar atividades práticas que explorem e apliquem o conhecimento adquirido.
Outra forma de trazer o equilíbrio é através da utilização de ferramentas tecnológicas em que os professores escolhem gravar vídeos explicativos para os estudantes assistirem antes da aula, permitindo que o tempo em sala seja dedicado a discussões, debates e atividades práticas. Além disso, plataformas adaptativas podem ser utilizadas para promover a interação entre eles, estimulando a colaboração e o compartilhamento de ideias.
Os projetos interdisciplinares também são excelentes exemplos de como promover esse equilíbrio. Os estudantes são desafiados a desenvolver um projeto que envolva conhecimentos de diferentes disciplinas, permitindo que apliquem na prática o que aprenderam em sala de aula. Dessa forma, é possível integrar a teoria com a prática, estimulando o pensamento crítico, a criatividade e a resolução de problemas.
Como avaliar o equilíbrio entre um uso e outro
A avaliação da utilização de aulas expositivas e metodologias ativas deve ser feita de forma criteriosa e contínua pelo professor, levando em consideração o desempenho dos estudantes, a eficácia no processo de ensino-aprendizagem e o alcance dos objetivos educacionais.
Para avaliar a eficácia das aulas expositivas, o professor deve observar o nível de compreensão da turma em relação aos conteúdos apresentados, a capacidade de retenção e aplicação desses conhecimentos e a participação e interesse deles durante as exposições. Além disso, é válido verificar se as aulas expositivas estão contribuindo para a construção de uma base sólida de conhecimento, preparando-os para atividades mais práticas e interativas.
Já a avaliação das metodologias ativas leva em conta a capacidade da turma em trabalhar em grupo, resolver problemas de forma colaborativa, aplicar o conhecimento teórico na prática e desenvolver habilidades como pensamento crítico, criatividade e autonomia. O professor também consegue analisar o engajamento da classe, a qualidade das produções e projetos desenvolvidos e o impacto positivo no aprendizado.
Para avaliar o uso de um e do outro, o professor tem em mãos diferentes instrumentos, como provas, trabalhos individuais e em grupo, apresentações, debates, avaliações formativas, autoavaliações, rubricas e portfólios. É importante que a avaliação seja contínua e abrangente, levando em consideração não apenas o desempenho dos estudantes, mas também o processo de ensino e a aprendizagem como um todo.
O professor precisa avaliar a utilização de forma integrada e reflexiva, buscando sempre o aprimoramento constante de sua prática pedagógica. Ao observar os resultados obtidos e o impacto no processo de ensino e aprendizagem, o docente ajusta suas estratégias para encontrar o equilíbrio ideal entre diferentes abordagens de ensino, proporcionando uma experiência educacional mais eficaz, significativa e enriquecedora.
As metodologias ativas e as aulas expositivas são complementares e devem conviver de forma equilibrada no contexto educacional. Ao adotar uma abordagem que valorize a participação ativa dos estudantes, o diálogo, a colaboração e a autonomia, os professores podem potencializar o processo de aprendizagem.
Equilibrar o seu uso requer planejamento e criatividade por parte dos professores. Ao combinar diferentes abordagens de ensino, é possível proporcionar uma experiência de aprendizagem mais rica, envolvente e engajadora, em que a chave está em encontrar o equilíbrio certo entre a transmissão de conteúdo teórico e a promoção da participação ativa dos estudantes, criando um ambiente de aprendizagem diversificado e estimulante.
Por: Porvir