67% dos professores em formação estudam em cursos EAD, diz Inep
Dado é do Censo da Educação Superior, documento que reúne as principais informações sobre o cenário educacional do ensino superior do país. A apresentação dos dados aconteceu na sede do Inep, em Brasília.
Em 2023, nos cursos de formação de professor (como pedagogia e licenciaturas), 67% dos universitários estudavam à distância. Considerando apenas aqueles que ingressaram na graduação no ano passado, 81% optaram pela modalidade EAD.
Os dados são do Censo da Educação Superior 2023, divulgado nesta quinta-feira (3) pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e pelo Ministério da Educação (MEC).
São números que preocupam: especialistas e o próprio MEC alertam para a menor qualidade na formação docente que é feita à distância. A mercantilização dos cursos EAD – desenhados a baixo custo, com aulas gravadas e reproduzidas para um número ilimitado de alunos – e a falta das discussões presenciais entre colegas tornam as graduações mais frágeis.
Para combater o problema, em maio, o ministério decidiu que cursos de formação de professores na modalidade de ensino à distância devem ter, no mínimo, 50% da carga horária presencial. Em seguida, a pasta suspendeu a autorização de criação de cursos EAD até março de 2025.
Destaques do Censo do Ensino Superior 2023
24,1 milhões de vagas em cursos de graduação no país;
95% das vagas são ofertadas por instituições privadas.
71,7% das vagas em universidade privada são EAD.
87,1% das vagas em universidades públicas são presenciais.
2.580 instituições oferecem cursos de graduação;
Destas, 2.264 são privadas, e 316 são públicas.
1 a cada 5 jovens brasileiros de 18 a 24 anos não frequenta e não concluiu o ensino médio.
Número de cursos EAD cresceu 15% em relação a 2022;
A variação é de 232% nos últimos cinco anos.
1,7 milhão se inscreveram em cursos de licenciatura;
67% destes em cursos na modalidade EAD.
172.287 novos alunos usaram o Fies.
403.735 novos alunos usaram o Prouni.
53% das matrículas são em bacharelado, 30% em licenciatura e 17% em tecnológico.
EAD x presencial
A tendência da preferência de novos estudantes por cursos EAD já é conhecida, e desde 2020 o número de matrículas em cursos presenciais é inferior ao de inscrições na modalidade de ensino à distância. No ano passado, 3,31 milhões de novos alunos se matricularam nesta modalidade, quase o dobro do número de matrículas em cursos presenciais (1,67 milhões).
Ainda que venha ganhando cada vez mais espaço, o EAD ainda perde quando considerado a relação de procura e oferta das modalidades.
No EAD, o total de vagas oferecidas em 2023 era 19,1 milhões, mais que o triplo das 5,5 milhões de vagas presenciais.
Mesmo assim, mais de 5 milhões de alunos estudavam presencialmente, contra 4,9 milhões que frequentavam um curso EAD.
Até aqui, mesmo com o número de vagas superior em cursos EAD, o presencial ainda converteu a maioria das matrículas. Ainda assim, a previsão é que os números se igualem, ou se invertam, ainda em 2024.
Cursos de licenciatura
Pedagogia segue sendo a licenciatura com maior número de matrículas, com mais de 53% das matrículas dos professores em formação. Os principais cursos na modalidade são:
Pedagogia
Educação física
História
Matemática
Letras português
Biologia
Geografia
Letras português-inglês
Química
Letras inglês
Artes visuais
Física
Filosofia
Música
Ciências sociais
Recuperação tímida dos participantes do Enem
Outro destaque do Censo foi o crescimento, ainda que tímido, do número de participantes do Enem na edição de 2023. Foram 2,7 milhões de participantes.
O exame é a principal porta de entrada para o ensino superior do Brasil, já que possibilita o acesso em universidades públicas por meio do Sisu, e em instituições privadas pelo Fies e Prouni.
O crescimento total da participação resultou em um aumento na proporção de participação no exame por estudantes concluíntes do ensino médio. 55,9% dos alunos que estudaram o 3.º ano do ensino médio em 2023 fizeram o Enem.
A melhora na proporção de participação foi perceptível em todas as unidades federativas do país.
Total de universitários abaixo da média mundial
Mesmo com o aumento na participação de concluintes no Enem e o aumento no número de matrículas no país, o percentual da população com ensino superior no Brasil ainda está abaixo da média dos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Faixa etária 25 a 34 anos: Brasil 22% x Média OCDE – 47,4%
Faxa etária 55 a 65 anos: Brasil 15% x Média OCDE – 30,3%
Para comparação, o país com o melhor índice entre os mais jovens é a Coreia do Sul, com 70% da população com diploma universitário. Na outra ponta, com 13% está a África do Sul.
Por G1