Objetos interativos: opções para levar para a sala de aula
O desejo da maioria dos estudantes, ao ingressar em uma instituição de ensino superior (IES), é partir logo para a mão na massa. Por conta disso, muitos ficam frustrados quando descobrem que os primeiros semestres servem para introduzir conceitos teóricos — conteúdos que, por mais relevantes que sejam, podem parecer abstratos e distantes da realidade deles.
A falta de atividades práticas no começo da graduação pode gerar prejuízos tanto para os estudantes quanto para as IES. Sem a oportunidade de aplicar seu conhecimento de forma ativa, os alunos tendem a se sentir desestimulados. O resultado é a falta de engajamento, um dos principais fatores para a evasão.
Uma boa solução para preencher essa lacuna entre teoria e prática é o uso de objetos interativos de aprendizagem. Esses recursos têm como finalidade proporcionar uma aprendizagem engajadora desde o início da jornada acadêmica. Além disso, ajudam os estudantes a aprimorar suas habilidades e a se familiarizar com suas futuras atividades profissionais em um ambiente seguro, livre dos riscos inerentes à prática real.
O que são objetos interativos de aprendizagem
Objetos interativos de aprendizagem são recursos educacionais que permitem aos usuários ter um contato mais ativo com o conteúdo. Por meio deles, os estudantes podem experimentar, testar hipóteses e resolver problemas.
Seu formato varia bastante, indo de jogos educativos a recursos de realidade aumentada (RA) e realidade virtual (RV). Essa abordagem diversificada faz com que os alunos se sintam mais inseridos no contexto de aprendizagem, já que conseguem ter uma compreensão mais profunda do que veem em sala de aula.
Por que utilizar objetos interativos?
A coordenadora de Negócios da +A Educação, Raphaela Novaes, destaca que os objetos de aprendizagem são componentes imprescindíveis na educação moderna, por torná-la mais dinâmica e próxima da maneira como as informações são consumidas atualmente.
“Viemos em uma sociedade do imediatismo. Com tantos conteúdos disponíveis, em diferentes formatos, nossa atenção é direcionada para várias tarefas ao mesmo tempo. Por isso, os objetos de aprendizagem são recursos essenciais para que possamos construir trilhas de aprendizagem a partir de microlearning, considerando o perfil dos estudantes e a características dos conteúdos a serem abordados”, explica a educadora.
Apesar de comumente associados ao ambiente virtual, esses recursos têm um papel importante em todos os modelos de ensino. Segundo Novaes, isso acontece porque a linha que separa a educação a distância (EaD) e o formato presencial tende a ser cada vez mais tênue, já que a tendência para o futuro é de hibridização do ensino.
“Os quadrantes híbridos elaborados pela ABMES (Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior) são uma boa referência. Em todos os contextos, a utilização de objetos de aprendizagem se faz necessária, dado o perfil de sociedade e de estudante que temos hoje”, argumenta a especialista.
Como exemplo, ela cita e-books e vídeos, dois elementos bastante utilizados no ambiente digital. “Ambos podem compor uma atividade assíncrona virtual que, por sua vez, podem embasar um encontro síncrono (virtual ou presencial), no qual será discutido um desafio”, compara.
Confira alguns benefícios dos objetos interativos
O uso de objetos interativos proporciona muitos benefícios para a aprendizagem. Entre os principais, podemos destacar:
- Maior engajamento: os alunos tendem a reter melhor a informação quando estão ativamente envolvidos no processo de aprendizagem. O uso desses objetos desperta a curiosidade e o desejo de explorar o conteúdo, fazendo com que eles tenham uma experiência envolvente e dinâmica.
- Personalização do ensino: os objetos interativos são flexíveis e diversificados, adaptando-se às necessidades individuais dos estudantes. Dessa forma, alunos com diferentes níveis de habilidade conseguem aprendem no seu próprio ritmo.
- Aprendizado colaborativo: a personalização não exclui a colaboração. Com o auxílio de objetos interativos, os alunos podem interagir entre eles por meio de projetos em grupo e competições. Esse processo fortalece o trabalho em equipe e propicia a troca de ideias, criando um ambiente educacional inclusivo, no qual todas as vozes são igualmente valorizadas.
- Estímulo ao pensamento crítico e resolução de problemas: os objetos interativos são usados para trabalhar em projetos em grupo, simulações, debates e outras atividades que promovem a aprendizagem social. Isso tudo ajuda no desenvolvimento de competências necessárias no mundo contemporâneo, como a capacidade para resolver problemas e o desenvolvimento do senso crítico.
- Acessibilidade: os recursos podem ser acessados a qualquer hora e em qualquer lugar, proporcionando flexibilidade no aprendizado, uma característica fundamental para o sucesso da EaD e o ensino híbrido.
Quais os melhores objetos interativos para levar para sala de aula?
A escolha de quais objetos interativos devem ser usados vai depender do currículo da IES, da proposta pedagógica e do perfil dos estudantes. Mas todos cumprem um papel importante no propósito de tornar a experiência de aprendizagem mais dinâmica e envolvente.
A seguir, sugerimos quatro opções de objetos interativos de aprendizagem para os professores levarem para a sala de aula.
Gamificação
O uso de elementos de games tem se destacado como uma abordagem eficaz para aumentar o engajamento dos alunos. Ao se apropriar desses recursos em suas aulas, os professores promovem a interação entre os estudantes, além de tornar a experiência de aprendizagem mais divertida.
Com desafios, missões e recompensas, os jogos educativos costumam incluir diferentes níveis de dificuldade, o que permite que cada aluno avance no seu próprio ritmo. Já os quizzes podem ser utilizados para revisar conteúdos, avaliar o entendimento dos alunos e incentivar a competição amigável. A possibilidade de receber feedback imediato e acompanhar o progresso em tempo real aumenta a motivação dos alunos e os incentiva a se esforçar mais para melhorar suas performances.
A gamificação promove a autodisciplina e a persistência, habilidades essenciais para o sucesso acadêmico. E também o trabalho em equipe, já que, ao jogar juntos, os alunos têm a oportunidade de discutir estratégias e compartilhar conhecimentos.
Vídeos educativos
O uso de vídeos interativos é um bom meio de estimular os estudantes a participarem ativamente das aulas. E não apenas respondendo perguntas: eles podem tomar decisões em cenários simulados e explorar diferentes caminhos narrativos.
Os tutoriais, por sua vez, oferecem uma abordagem passo a passo para o aprendizado de habilidades específicas. Desde o ensino de Matemática até a realização de experimentos científicos, as instruções visuais facilitam a retenção do conteúdo, já que podem ser vistas e revistas até o aluno atingir o resultado esperado.
Para explorar o máximo potencial desses recursos, é preciso capturar a atenção dos alunos desde o início, introduzindo um problema ou uma situação que gere curiosidade. O desenvolvimento da narrativa deve ser fluido, guiando os alunos até uma conclusão que reforce os conceitos aprendidos. A inclusão de elementos atrativos, como animações e gráficos, pode enriquecer ainda mais a experiência.
As possibilidades de criação são amplas. Os professores podem optar por fazer seus próprios vídeos utilizando ferramentas de animação e edição, ou utilizar plataformas que permitem a personalização de conteúdo já existente. A colaboração com os estudantes também pode fomentar o aprendizado colaborativo.
Plataformas de aprendizagem ativa
As plataformas de aprendizagem ativa têm como objetivo facilitar a interação com o conteúdo e entre os próprios estudantes. Para isso, oferecem uma variedade de recursos, como fóruns de discussão e grupos de trabalho, que permitem que os alunos compartilhem ideias, debatam tópicos e desenvolvam projetos em conjunto. Algumas plataformas permitem criar os já mencionados quizzes, assim como vídeos interativos e simulações.
Os estudantes podem se posicionar sobre temas relevantes e defender suas opiniões em debates online, além de participar de projetos que exigem pesquisa conjunta e a apresentação dos resultados. Essas atividades ajudam a desenvolver habilidades como a resolução de problemas e o pensamento crítico.
Em áreas como Ciências e Tecnologia, as plataformas de aprendizagem ativa muitas vezes disponibilizam laboratórios virtuais. Neles, os alunos podem realizar experimentos simulados ou usar ferramentas especializadas, como softwares de modelagem e programação, para aplicar na prática o que aprenderam.
Realidade aumentada e realidade virtual
A realidade aumentada e a realidade virtual têm se destacado como tecnologias inovadoras que transformam a educação ao proporcionar experiências de aprendizado imersivas. A utilização de vídeos 360° e objetos 3D oferece aos alunos a oportunidade de explorar conceitos e ambientes de forma mais interativa e envolvente, aproximando-os do dia a dia de suas futuras profissões.
Essas experiências imersivas têm aplicações pedagógicas significativas. Na área de Ciências, os alunos podem explorar o sistema solar em uma simulação tridimensional, visualizando planetas e suas órbitas de uma perspectiva que não seria possível em uma sala de aula comum.
Uma das grandes vantagens desses objetos é a capacidade de visualizar e manipular conceitos abstratos de maneira concreta. É o caso de áreas como Biologia e Química. Quando os alunos interagem com modelos 3D, podem explorar o corpo humano e compreender melhor estruturas complexas, como moléculas ou órgãos.
A manipulação desses modelos permite explorar o conteúdo de maneira prática em um ambiente controlado, o que é particularmente importante em determinadas áreas. Estudantes de Engenharia, por exemplo, podem fazer um tour virtual por uma usina hidrelétrica, explorando as instalações e entendendo o funcionamento das turbinas. Já os alunos de Medicina conseguem participar de simulações de cirurgias, desenvolvendo suas competências práticas sem o risco associado a intervenções em pacientes reais.
Integração dos objetos de aprendizagem nas disciplinas
A utilização de objetos interativos de aprendizagem é comumente associada a cursos ou disciplinas ligadas a Saúde e Engenharia, mas também tem um papel importante em outras áreas.
No campo das Ciências Humanas e Sociais, eles dão uma perspectiva mais rica sobre eventos históricos, mudanças demográficas e movimentos culturais em uma linha do tempo. Mapas de geopolítica podem mostrar a evolução das fronteiras de nações ou nas redes comerciais ao longo dos séculos. Já um uma simulação permite recriar situações importantes, como guerras ou negociações diplomáticas, em que os alunos assumem papéis e tomam decisões com base em dados históricos.
Nas disciplinas de Artes, os objetos interativos têm sido fundamentais para promover a criatividade e a análise crítica. Softwares que oferecem ferramentas para a criação de obras de arte digitais permitem que os alunos explorem técnicas de pintura, escultura, design gráfico etc. Já os vídeos interativos são bastante utilizados para oferecer análises literárias, fazendo com que os alunos mergulhem de forma mais profunda na interpretação de obras complexas.
Seja qual for a área de conhecimento, a integração de objetos interativos exige planejamento pedagógico para garantir que eles enriqueçam o conteúdo e facilitem a conexão entre teoria e prática. Além disso, é essencial que sejam incorporados de maneira intencional, assegurando sua relevância para os objetivos de aprendizagem.
Por: Desafios da Educação