Ciências e saúde são áreas mais procuradas por jovens estudantes
Pesquisa da Workalove com o Instituto Semesp revelou que 28% dos estudantes querem adentrar à área; gestores indicam razões
A quinta edição da série de pesquisas O que os alunos realmente pensam sobre o ensino superior indicou as motivações dos estudantes para ingressarem nas instituições de ensino. Desta vez, destaca-se o interesse dos jovens em saúde e bem-estar: dos 1542 respondentes, 28,20% pretendem cursar uma graduação no setor. Na avaliação de gestores, uma das principais causas é a alta taxa de empregabilidade. Elaborado pela Workalove em parceria com o Instituto Semesp, o material foi divulgado nesta quinta-feira, 7 de dezembro, em webinar apresentado por Rodrigo Capelato e Fernanda Verdolin.
Para João Bittencourt, coordenador do curso de administração do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein, há dois fatores principais para a busca pela área. “A saúde propicia empregabilidade e propósito. É um setor que tem diversos desafios, mas a empregabilidade não é um deles. Seja em enfermagem, medicina, fisioterapia ou odontologia, há muita demanda. E um outro fator relacionado é o propósito. Direta ou indiretamente, você pode contribuir com a vida das pessoas quando está nesse setor”, elenca.
O coordenador também chama atenção para o envelhecimento populacional, “porque cresce a demanda”. Dados divulgados pelo IBGE em 2023 indicaram queda no número de jovens e aumento da população idosa. “Os gastos anuais em saúde, no Brasil, chegam perto dos 10% do PIB, um percentual muito significativo. A área já é interessante por esse ponto de vista. Com o passar dos anos e com o envelhecimento populacional, esse interesse será ainda maior”, afirma.
Efeitos pandêmicos
“A saúde nunca saiu de moda. Tudo o que envolve sua promoção e o tratamento de doenças sempre despertou interesse, pois é uma demanda que requer constante busca de novos conhecimentos”, defende Denise Greff, gerente de ensino da recém-inaugurada Faculdade Sírio-Libanês. Na avaliação da profissional, a pandemia da covid-19 também direcionou os holofotes para a área. “E não foi um evento isolado. Na história da humanidade, diversos desafios já foram superados com muito estudo e investimento na ciência”, pontua.
No Centro Universitário São Camilo, após a pandemia houve um aumento no número de candidatos e de matrículas. É o que conta Carlos Ferrara, pró-reitor da instituição. “Com a evolução científica, novos estudos e reportagens em grandes jornais, as pessoas começaram a notar outras áreas da saúde, como a psicologia, por exemplo. Foi reconhecida a necessidade do psicólogo para os cuidados com a saúde mental”, diz. “Outro curso que está em alta é a graduação em farmácia. Especialmente pelo pós-pandemia, os médicos têm prescrito muitas fórmulas direcionadas aos pacientes – o que eles adoram. E os alunos estão se realizando”, acrescenta. Para Ferrara, a descoberta e valorização dos cursos são alguns aspectos que levaram aos 28,20% de interesse no estudo.
Avanços em pesquisa e integração tecnológica
Em 2023, 60 artigos foram publicados por alunos e professores do São Camilo. Entre eles, o pró-reitor destaca um estudo sobre a inclusão de pessoas transgênero no mundo esportivo. “O artigo discute a força de homens e mulheres trans em times femininos e masculinos. São nichos muito particulares para os quais as pesquisas estão se encaminhando, o que é muito legal”, celebra. “Temos que evoluir. E olhando do ponto de vista da saúde, vemos uma área com novos medicamentos e vacinas”, ressalta.
João Bittencourt também vê a integração dos recursos tecnológicos como atração para o setor. “A saúde tem uma potencialidade incrível na relação com a tecnologia. A bio convergência se torna cada vez mais uma realidade. Temos uma profusão de tecnologias que se unem e diminuem o tempo de tratamento e aumentam a eficácia de diagnósticos, por exemplo.”
Materiais complementares
Nesta edição, 79% dos respondentes têm até 24 anos e 76,3% fizeram ensino médio em escola pública. Além de ciências e saúde, há também interesse nas áreas de negócios, administração e direto, que corresponde a 17% das respostas, e em computação e tecnologia da informação – 13% dos estudantes.
Por: Revista Ensino Superior