Carreira docente precisa se tornar atrativa
Desenvolvimento de políticas efetivas para garantir o reconhecimento da profissão é urgente
Já há algum tempo, profissionais do setor educacional repercutem o iminente “apagão docente”. Em 2022, a pesquisa Risco de apagão de professores no Brasil, do Instituto Semesp, apontava para um déficit de até 235 mil docentes em 2040. A urgência também é tema do estudo Carência de professores na educação básica, elaborado pelos pesquisadores Alvana Maria Bof, Luiz Zalaf Caseiro e Fabiano Cavalcanti Mundim, do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira). O artigo reforça que salários baixos, falta de reconhecimento da profissão e a violência nas escolas são alguns dos fatores que levaram ao desinteresse dos jovens pela profissão.
O cenário atual também conta com os desafios do ensino a distância (EAD). Como indicado no material, os cursos privados e os cursos à distância apresentam maiores taxas de desistência em relação aos cursos públicos e presenciais. Além disso, nas instituições privadas EAD, o número de concluintes das licenciaturas é inferior ao de ingressantes.
Outro ponto destacado é que a conclusão do curso não necessariamente reflete o ingresso no mercado de trabalho. O artigo mostra que, em 2012, apenas 17,1% dos graduados que realizaram o Enade em 2011 estavam empregados como docentes na educação básica. 37,2% dos profissionais se encontravam empregados em outras ocupações e 28,4% careciam de vínculos empregatícios.
“Apenas cerca de um terço dos licenciados ingressam na carreira docente, percentual esse mais ou menos estável para todas as coortes de egressos das licenciaturas analisadas entre 2010 e 2021”, detalham os autores.
Diante dessa realidade, torna-se improrrogável o desenvolvimento de políticas efetivas para garantir o reconhecimento da profissão e, ao mesmo tempo, torná-la atrativa aos olhos da juventude. “Há também que se pensar em formas de assegurar aos que optarem pelas licenciaturas uma formação de qualidade, a conclusão do curso e motivação para ingressar na carreira do magistério”, salientam.
Por: Revista Ensino Superior