Qual é o formato de aula mais indicado para os meus alunos?
Um dos principais benefícios da tecnologia na educação é a possibilidade de explorar diversos formatos de aula. Essa variedade permite que os educadores atendam a diferentes perfis de alunos, enriquecendo a experiência de aprendizagem e preparando-os para um mundo cada vez mais digital e interconectado.
Embora as aulas assíncronas sejam uma tendência na educação a distância (EaD) — e as preferidas dos jovens — nem todas as atividades se adequam a esse modelo. Em alguns casos, os resultados podem ser mais efetivos com atividades síncronas online, enquanto em outros é exigida a presencialidade. Desse modo, como escolher o modelo mais adequado?
Neste post, falaremos sobre cinco formatos de aula inspiradores, quais as metodologias por trás de cada um deles e em que circunstâncias as instituições de ensino superior (IES) devem utilizá-los.
5 formatos de aulas para inspirar seus alunos
O modo como a aula é estruturada tem um grande impacto na forma como os estudantes processam as informações. Abaixo, você encontra uma lista com os principais tipos de aulas e dicas sobre quando utilizá-los.
Vídeos síncronos
Por se tratar de uma transmissão em tempo real, o formato síncrono de vídeo facilita o contato entre educadores e estudantes. Seu embasamento metodológico tem como base o construtivismo social do psicólogo bielorrusso Lev Vygotsky, que enfatiza a importância da interação social na construção do conhecimento. Além disso, é respaldado pela teoria da aprendizagem ativa de Jean Piaget, biólogo francês que se tornou um nome de referência nos cursos de Pedagogia mundo afora.
A instantaneidade dos vídeos síncronos facilita a troca de ideias, o esclarecimento de dúvidas e o feedback imediato. O formato também é propício para promover discussões em grupo, atividades em pares e sessões de brainstorming. Ademais, permite que os professores reavaliem sua abordagem conforme as necessidades e as reações dos alunos. Na prática, é um modelo bastante simples, aplicável por meio de plataformas como Google Meet, Zoom ou Microsoft Teams.
Um vídeo síncrono exige que todos os participantes estejam conectados ao mesmo tempo. Ou seja, depende de uma boa conexão de internet e da disponibilidade imediata de todos os envolvidos. Por isso, é recomendado para atividades em que a mediação de um educador imprescindível.
Vídeos assíncronos
Esse formato tem a flexibilidade como maior benefício. Como os conteúdos são pré-gravados, podem ser acessados a qualquer momento, sem a necessidade de os alunos se conectarem ao mesmo tempo que o professor.
A proposta dos vídeos assíncronos está fortemente associada à teoria da autodeterminação, do norte-americano Edward L. Deci e do australiano Richard M.Ryan, que tem como pilares a autonomia, a competência e o relacionamento para que os alunos assumam o controle sobre seu próprio processo de aprendizagem. Já a teoria da carga cognitiva, do também australiano John Sweller, defende que a capacidade de aprender no próprio ritmo ajuda a gerenciar o conteúdo processado, melhorando a compreensão e a retenção.
Além de permitir que os alunos assistam aos vídeos de acordo com suas rotinas pessoais, essa flexibilidade os ajuda a aprender por meio da revisão e repetição. Como o conteúdo já está gravado, é só pausar, retroceder e assistir novamente — quantas vezes forem necessárias.
Um exemplo prático está disponível na nova versão de SAGAH, a solução educacional da Plataforma A. Os professores podem gravar vídeos dentro da própria plataforma, o que facilita a edição e a personalização do material de acordo com o perfil das turmas.
Unidades de Aprendizagem
As Unidades de Aprendizagem (UAs) são blocos estruturados de conteúdo, projetados para alcançar objetivos específicos. Cada unidade é composta por uma combinação de tarefas, recursos e avaliações que se concentram em um tema particular. Sua estrutura deve ser clara e lógica, a fim de facilitar o acompanhamento dos tópicos e proporcionar um feedback contínuo.
Esse modelo é baseado em diversas teorias educacionais. Uma delas é a aprendizagem sequencial, do psicólogo norte-americano Robert Gagné, que entende que o conhecimento deve ser assimilado em etapas, começando com habilidades simples e progredindo para as mais complexas.
Também dialoga com a teoria da zona de desenvolvimento proximal (ZDP) do pensador russo Lev Vygotsky. Ela enfatiza a importância de oferecer suporte adequado ao nível de desenvolvimento do aluno para estimular a aprendizagem. Além disso, conecta-se à instrução diferenciada da educadora norte-americana Carol Ann Tomlinson, que sugere adaptar o ensino às necessidades, habilidades e interesses dos alunos.
Encontros presenciais
O conceito de presencialidade na educação é o mais familiar; afinal, antes de a tecnologia se fazer presente, essa era a forma predominante de transmitir o conhecimento em uma sala de aula.
Hoje, os encontros presenciais continuam tendo um papel importante, mas não são necessários em qualquer situação. Não há por que fazer uma turma inteira se locomover até uma sala de aula para um encontro em que todos ficarão apenas ouvindo o professor.
É bem verdade que a presença física pode aumentar o engajamento e a motivação dos alunos, criando um ambiente de aprendizagem mais dinâmico. Mas, para que isso ocorra, o formato deve permitir uma interação menos unilateral. Por isso, é indicado para oficinas, seminários, práticas laboratoriais e outras atividades em que a presencialidade seja realmente necessária.
Esse modelo encontra respaldo no já mencionado construtivismo social de Vygotsky, que enfatiza a importância da interação na construção do conhecimento. A teoria da aprendizagem experiencial, do educador norte-americano David Allen Kolb, também destaca a importância da experiência direta e do envolvimento ativo dos alunos no processo de aprendizagem.
Atividades imersivas
Um dos grandes ganhos proporcionados pela tecnologia na educação foi reproduzir no ambiente online ações que antes só eram possíveis presencialmente. Através de recursos de realidade virtual (RV), realidade aumentada (RA) e objetos 3D, os estudantes podem se aprofundar em determinados conteúdos de forma mais significativa.
As experiências imersivas são uma resposta direta à aprendizagem experiencial de Kolb, mas também dialogam com o construtivismo de Piaget e Vygotsky e, sem dúvida, com a teoria da presença social. No livro The Social Psychology of Telecommunications (1976), os britânicos Bruce Christie, Ederyn Williams e John Short sugerem que a sensação de “estar junto” no ambiente virtual pode melhorar a aprendizagem e a retenção de informações.
Além disso, as atividades imersivas estão diretamente vinculadas à gamificação, metodologia utilizada para aumentar o engajamento dos alunos com elementos de jogos virtuais, como desafios e recompensas.
Outra vantagem é que, ao reproduzir cenários reais, essas atividades permitem que os estudantes vivenciem com segurança práticas que poderiam ser perigosas para iniciantes. Em alguns casos, elas dão uma compreensão sobre o conteúdo de forma que nenhuma experiência presencial poderia permitir — como, por exemplo, a navegação através de diferentes sistemas do corpo humano e a exploração das estruturas anatômicas.
Com exemplos práticos de aplicação na rotina profissional, os estudantes podem fazer um tour interativo por um hospital, uma megaconstrução ou pelos corredores da própria IES. Já os laboratórios virtuais, voltados para cursos da área de Saúde, Engenharia e Humanidades, simulam um ambiente real para que os alunos façam experimentos sem sair de casa.
Por: Desafios da Educação