Indústria e economia criativa requerem pesquisas e profissionais
De acordo com o Observatório da Fundação Itaú, em 2023, o setor da economia criativa expandiu em 4% as ofertas de emprego; são cerca de 287 mil postos de trabalho a mais do que no ano anterior
Em agosto, na Casa Firjan, Rio de Janeiro, o Ministério da Cultura (Minc) lançou as 15 diretrizes da Política Nacional de Economia Criativa, no âmbito do Seminário Internacional Políticas para a Economia Criativa: G20 + Ibero-América. As diretrizes surgiram a partir de debates realizados no Mercado das Indústrias Criativas do Brasil, o MICBR, que aconteceu há um ano em Belém, de consultas públicas realizadas na 4ª Conferência Nacional de Cultural (CNC) realizada em março, em Brasília, e de debates no Fórum de Secretário de Cultura dos estados e dos municípios.
Elas não se configuram como um plano de desenvolvimento propriamente, mas são um começo, segundo o Minc. Entre as 15 diretrizes, as mais vinculadas às instituições de ensino superior, fundações e institutos de pesquisa são a produção e difusão de estudos e pesquisas sobre economia criativa (diretriz 1) e formação de empreendedores, gestores e trabalhadores da cultura e da economia criativa brasileira (diretriz 2).
De acordo com o Observatório da Fundação Itaú, em 2023, o setor da economia criativa expandiu em 4% as ofertas de emprego; são cerca de 287 mil postos de trabalho a mais do que no ano anterior. São 7,8 milhões de trabalhadores em áreas como moda, atividades artesanais, indústria editorial, produção audiovisual, música, desenvolvimento de software, jogos digitais e serviços de tecnologia. Na economia em geral, o percentual foi de 2%. As categorias que apresentaram mais crescimento foram design (29%), música (24%), desenvolvimento de software e jogos digitais (18%) e gastronomia (16%).
A necessidade de fomento governamental é urgente, pois a tendência é de crescimento. Projeções da Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontam que até 2030 o Brasil terá 8,4 milhões de profissionais na economia criativa. Enquanto o plano de desenvolvimento não se estrutura, as IES oferecem cursos focados em áreas específicas do setor e em gestão de economia criativa.
FGV promove o seminário Rio: Cidade Criativa
A meca brasileira da economia criativa recebe nesta semana o seminário Rio: Cidade Criativa, na Cúpula Galileu Galilei da Fundação Planetário, na Gávea, com especialistas locais e internacionais. Este é o quinto encontro da série Reflexões Urbanas, que debaterá indústria criativa e urbanismo, promovida pela FGV. O evento é aberto ao público e acontece dia 30, das 9:30h às 17:30h.
Viçosa sedia cátedra da Unesco em economia criativa
A primeira Cátedra Unesco em Economia Criativa e Políticas Públicas tem sede na Universidade Federal de Viçosa. De acordo com a página da Cátedra na internet, ela reúne 25 universidades brasileiras – a maioria é pública e, entre as privadas estão a PUC Minas e o Senac –, e quatro estrangeiras: as holandesas Erasmus University, Brenda University of Applied Sciences e Tilburg University, além da Universidade de Coimbra, de Portugal. Entre as universidades particulares estão a PUC Minas e o Senac.
O objetivo é desenvolver um centro de excelência, com um centro de estudos avançados e rede de pesquisadores para disseminar informação e oferecer educação e treinamento de alta qualidade. Ainda de acordo com o site, “em 2025 será aberta uma chamada pública para novos membros institucionais (organizações públicas ou privadas) para ingresso oficial nesta rede”.
Universidade e empresa
Educação continuada, especialização, contato cada vez mais assíduo com o mercado, tudo num único combo. Na Cogna, parceria com a Bosch oferece pós-graduação lato-sensu em engenharia automotiva, com atualização tecnológica para engenheiros, tecnólogos, físicos e áreas do segmento. São dez meses de curso e as disciplinas são ministradas por docentes da Anhanguera.
Já a ESPM, em parceria com a Infracommerce, relançou o curso de pós-graduação em Gestão de trade-marketing – indústria, varejo e serviços. Entre os docentes, profissionais da Infracommerce.
Para além do combo, os hackathons: a InovaMack, incubadora de em empresas da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), realizou em outubro o Hackathon da Venda Direta, em parceria com as empresas Natura e Avon.
Saberes Tenetehar
Na sede do Instituto Tukàn – organização não governamental que busca autonomia por meio da educação dos povos tradicionais indígenas, em Amarante do Maranhão – acontece neste final de outubro a primeira escuta pública para a participação no plano de desenvolvimento institucional da primeira universidade em território indígena. Há cerca de um ano, o Instituto Tukàn lançava a Pedra Fundamental do Centro de Saberes Tenetehar, primeiro passo para a criação da universidade.
A crise nos EUA
As jornalistas Marina Villeneuve e Olivia Sanchez, do veículo estadunidense The Hechinger Report, especilista na cobertura de temas da educação básica e superior, relataram que, nos primeiros nove meses de 2024, 28 instituições de ensino superior fecharam as portas nos EUA. Em 2023, foram 15.
De 2008 a 2023, quase 300 faculdades e universidades fecharam. O pior aconteceu na segunda década. De 2008 a 2011, a média de fechamento ficou em sete instituições a cada ano; em 2014, a média anual era de 14; em 2018, 32. “Nos últimos anos, o número anual de fechamentos começou a estagnar, com uma média de 16 faculdades e universidades fechando entre 2020 e 2023.” O acompanhamento vai continuar.
Por: Revista Ensino Superior