Instituições fazem mudanças para melhorar vestibular online
Escolas aperfeiçoam plataformas e intensificam fiscalização dos candidatos
As instituições de ensino superior, que tiveram pouco tempo no ano passado para transformar seus vestibulares da modalidade presencial para a online, agora fazem adaptações nas provas.
No processo seletivo do Insper, houve mudança na forma de trabalho dos fiscais durante a primeira fase.
Em julho de 2020, eles respondiam somente a chamados: quando o sistema de inteligência artificial identificava algum movimento ou objeto suspeito nas câmeras dos candidatos, eles verificavam a situação. Muitas vezes, tratava-se apenas de uma sombra.
Na próxima prova, os 70 fiscais serão divididos em salas virtuais e vão acompanhar em tempo real os alunos, em vez só de receberem alertas.
Além disso, foi criada uma funcionalidade na plataforma para que o vestibulando possa “levantar a mão” e, por um chat, conversar com o fiscal.
A alteração é sobretudo uma forma de evitar que o estudante se sinta isolado, diz Guilherme Martins, diretor de graduação do Insper. “O grande aprendizado foi ver a tecnologia como ferramenta e perceber que a gente não pode desumanizar o processo.”
No ano passado, a instituição redesenhou seu processo seletivo, mas manteve os conteúdos dos vestibulares anteriores. Passou a ter um banco de questões, para que as provas fossem diferentes entre si –são ao todo cem questões, mas cada candidato responde a 25. Também foi criada uma etapa intermediária entre a primeira e segunda fase, na qual os vestibulandos conversam com uma banca de professores.
Na ESPM, a versão online do vestibular inaugurou uma forma completamente diferente de fazer a seleção. Passaram a ser feitas entrevistas com todos os candidatos, já na primeira fase. A proposta foi considerada exitosa pela instituição, mas houve a necessidade de deixar mais claro como é feita a avaliação.
“Percebemos que era importante divulgar que a gente não quer identificar um perfil ideal, mas certas competências, como capacidade de articular o pensamento e o comprometimento com o processo”, afirma Alexandre Gracioso, vice-presidente da ESPM.
Como na primeira prova virtual, a instituição divulgou com antecedência o tema da entrevista –os candidatos terão que falar sobre a felicidade, estabelecendo relações entre consciência, criação de sentido e aprendizagem significativa. Na edição deste ano, foram incluídas também uma bibliografia e uma lista de critérios de avaliação.
“O grande aprendizado foi perceber que a gente não pode desumanizar o processo” – Guilherme Martins. Diretor de graduação do Insper.
A Belas Artes foi outra faculdade que mudou radicalmente seu processo seletivo há um ano. Os candidatos têm de entrar em um ambiente virtual, fazer a prova e enviar as respostas. Na sequência, escrevem uma redação.
Os estudantes têm até três horas para concluir toda a avaliação. Não há monitoramento de fiscais, porque as questões são dissertativas, sobre um caso-problema.
Neste ano, o número de perguntas passou de seis para cinco, para que os vestibulandos pudessem se aprofundar mais nas respostas, afirma Josiane Torletto, superintendente acadêmica.
“Sentimos que tudo deu certo desde a primeira prova online, mas a cada avaliação vamos melhorando um pouco. Já ajustamos o mecanismo das respostas, aprimoramos os critérios de correção e buscamos temáticas mais interessantes, que motivem os candidatos.”
Depois de ter problemas de acesso durante o vestibular, a Universidade Presbiteriana Mackenzie resolveu dividir os vestibulandos em dois dias de provas, de acordo com o curso que desejam. Assim, o sistema terá menos acessos em um único momento.
Hoje aluna de arquitetura da instituição, Maria Laura Rodrigues Cortez, 18, enfrentou dificuldades na prova do ano passado.
“Demorei 20 minutos para conseguir entrar no sistema. Não conseguia falar com ninguém e entrei em desespero”, afirma. Ela teve as três horas previstas no edital para completar o exame.
Com o vestibular divido em dois dias, também se reduz o número de fiscais necessários para a aplicação.
“Essa mudança possibilitou ainda que alunos que têm dúvida em relação a qual curso escolher possam se inscrever para duas opções diferentes”, diz Milton Pignatari, coordenador do vestibular da Mackenzie.
Por: Uol